quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os jovens, as minorias ativas e os movimentos sociais

Por Gabriel Bitencourt

Nós todos, brasileiros e habitantes de outros países, que vivemos sob a égide da chamada Democracia Participativa, acabamos por acreditar – e isso é confortável – que nosso papel de cidadão encerra-se no ato de eleger nossos representantes. Depois disso “é com eles”!
Não é assim! A sociedade, através dos movimentos sociais organizados tem uma força espetacular.
Já fui vereador em Sorocaba e, especialmente no campo socioambiental, tenho bons exemplos do quanto avançamos por conta das ações onde os movimentos sociais foram protagonistas. Em momentos recentes, a união de organizações não-governamentais e protetores e protetoras de animais articulados em um movimento denominado Movimento Sorocaba sem Rodeio, acabou por conseguir a proibição, por lei, dos rodeios em nossa cidade.
Há cerca de uns dez anos, uma polêmica em torno da implantação de um hipermercado em uma área paisagística e ambientalmente relevante para o município acabou durando dois anos. O processo inicialmente pretendido que geraria alto impacto ambiental e que quase nenhuma compensação teria, acabou por ser estruturalmente mudado com diminuição dos impactos e com medidas compensatórias. Foi uma vitória do movimento social.
O que percebemos é que, na maior parte das vezes, a juventude cumpre um papel muito importante nestes processos.
A juventude traz, em sua própria natureza, a inquietação, o não conformismo com o status quo, o sentimento de que sempre há algo mais a ser feito. Infelizmente a sociedade busca, como no The Wall, do Pink Floyd, sufocar e tolher, através de suas instituições, inclusive as escolas, esses sentimentos juvenis.
Em razão disso, são poucos os que se mobilizam, que assumem lutas em defesa do meio ambiente, de um animal sendo mau tratado ou de uma árvore ameaçada de ser cortada por reles motivo. Menos ainda são os que assumem o papel de liderarem organizações como centros Acadêmicos, ONGs de defesa dos animais, do meio ambiente, por exemplo. Por outro lado, estes, que não se tornaram “tijolos no muro” social, acabam pela força que a resistência lhes proporcionou – como os músculos de um maratonista – sendo agentes de mudanças na sociedade.
O psicólogo social Serge Moscovici aponta o papel relevante das “minorias ativas” nas mudanças que ocorrem na sociedade. O conhecimento desse papel pode fortalecer aqueles que, por vezes, imaginam-se enfraquecidos por estarem em pequenos grupos procurando mobilizar a sociedade em favor de uma sociedade mais justa, de padrões éticos de comportamento ou de relações socialmente mais justas.
O silêncio e o conformismo da maioria tende à letargia e à sensação de que nada pode ser melhor do que está. Lembro, nos casos que apontei inicialmente, que poucos foram os que iniciaram o movimento pela abolição dos rodeios em Sorocaba ou contra a destruição que ocorreria pela implantação do projeto original do hipermercado, mas fizeram a diferença!

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