domingo, 29 de maio de 2011

Marcha pela Liberdade de Expressão é realizada em diversos municípios

Por Rachel Trovarelli

Nas últimas semanas algumas cidades brasileiras sediaram a Marcha pela Liberdade de Expressão. A maior delas ocorreu no município de São Paulo e reuniu algo em torno de 4000 manifestantes. O vídeo a seguir traz algumas imagens e contextualiza essa manifestação.





No Paraná, aproximadamente 200 pessoas manifestaram (http://g1.globo.com/parana/noticia/2011/05/marcha-pela-liberdade-de-expressao-reune-centenas-de-pessoas-no-parana.html ).  Do mesmo porte, a manifestação ocorreu em Campinas (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/922339-marcha-pela-liberdade-de-expressao-acontece-em-campinas-sp.shtml.) .

Essa manifestação nasceu após o Ministério Público proibir a "Marcha pela Maconha." Essa marcha ocorreu, pelo menos, em Belo Horizonte e São Paulo e a polícia militar interviu de forma violenta para dispersar as manifestações. Revindicando o direito a liberdade de expressão, os organizadores dessa marcha convocaram todas as minorias para manifestar, entre elas os ciclistas, movimento GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais, travestis), movimento negro, movimento ambientalista, entre outros.

No contexto que o Brasil vive hoje, principalmente pela recente aprovação na Câmara dos Deputados do Novo Código Florestal Brasileiro e correntes, e sempre presentes, denúncias de corrupção nos governos, a marcha pela liberdade de expressão do povo surge num momento oportuno.

Muitas minorias sofrem diversos tipos de preconceitos e não são ouvidas. Independente da causa, a Marcha pela Liberdade de Expressão, está trazendo novo fôlego a esses movimentos, unindo-os e ganhando força.

Um cuidado é extremamente necessário. As fontes de informação, principalmente a mídia de massa, também não dá voz a esses grupos. É importante ter senso crítico ao ler as matérias divulgadas sobre as manifestações brasileiras.

A movimentação do povo é algo extremamente necessária numa democracia. Hoje em dia, é algo visto com descaso, com preconceitos. É um dever dos cidadãos se posicionarem e participarem na construção da democracia, de uma democracia participativa. Em relação a essa questão, sugiro este comentário de Paulo Freire:




Parabéns a todos os cidadãos que soltaram a voz nessa manifestação e continuam lutando por seus ideais e direitos e cumprindo seus deveres no Estado brasileiro.

Maiores informações sobre o movimento Marcha da Liberdade de Expressão pode ser obtida em http://www.marchadaliberdade.org/ .

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O tempo de viver


Por Alberto Kirilauskas
A face perversa da sociedade que estamos inseridos está transformando o mundo que vivemos muitas vezes impondo, sem uma força relevante, daqueles que estão sendo atingidos, em direção oposta. A transformação do mundo não se apresenta como um processo estritamente moderno, ele ocorre há séculos, todavia os processos de aceleração do tempo, através das técnicas que surgiram, principalmente, no último século, que altera nossas noções de espaço, têm possibilitado a transformação do nosso mundo muito mais rapidamente do que no passado. Isso não é novidade, e obviamente é necessário observar outros diversos aspectos para compreender esses processos de mudança. As relações entre as pessoas foram transformadas, as ações e a vida.  


Hoje vivemos num mundo onde, aparentemente, o tempo de viver não se apresenta como uma dimensão importante, ele tem sido deixado num segundo plano para que se consiga acumular coisas e mais coisas. Anseia-se pelo final de semana próximo, pelo fim do mês e ano próximo, pela aposentadoria próxima, e ainda sim há um discurso de que a vida é necessária ser vivida em sua plenitude, mas como é possível se cada vez mais se anseia indiretamente pelo seu fim? Ao mesmo tempo que há o discurso do viver uma vida plena, há também o discurso da acumulação de coisas, e para acumular coisas nós precisamos despender tempo para acumulá-las (isso nos casos que o tempo despendido é capaz de ser transformado em coisas), então sem tempo para o que é fundamental para o ser humano, busca-se escapes - os finais de semana frenéticos, as férias ou compras frenéticas ou qualquer outra fenda frenética - para tornar a vida suportável.
Para cada coisa que se acumula é preciso colocar no mercado as unidades de tempo que todo ser humano possui à venda, e assim muitos de nós verão a vida se esvair pelos dedos das mãos sem ter a força necessária para fechá-la ao menos um pouco e o coração estará cheio de coisas.    

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A arte de viver

Por Alberto Kirilauskas


Mais do que aspectos técnicos com sua restrita capacidade de analisar a vastidão do ser humano e suas relações entre os próprios humanos e todo o meio biótico e abiótico que o cerca, é necessário aprofundarmos nas reflexões para que consigamos visualizar um caminho harmonioso a ser seguido pela humanidade. Dentre as diversas poesias e poemas de Carlos Drummond selecionei uma para esse momento que estamos vivendo: uma mistura de agonia pela degradação ambiental acelerada e de esperança por ver que existe beleza nas pequenas coisas. Boa degustação.


O sobrevivente

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de 
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 22 de maio de 2011

Você é feliz?

Por Rachel Trovarelli

     
    O artigo de Gilberto Dimenstein, publicado no site Aprendiz, traz mais uma experiência sobre a utilização índices de felicidade da população. Cada vez mais, as pessoas e os governos olham a felicidade como um indicador de como as coisas vão em um determinado local. Será que, finalmente, o bem estar será mais valorizado que o desenvolvimento econômico?
    A estrada ainda parece ser longa, mas já há alguns lampiões indicando o caminho.

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Laboratório de felicidade

Gilberto Dimenstein
Povoada de brasileiros, especialmente mineiros, uma pequena cidade americana, chamada Somerville, na região metropolitana de Boston, está se transformando num laboratório de felicidade.


Pela primeira vez, a prefeitura de uma cidade dos Estados Unidos resolveu fazer um censo buscando saber a taxa de felicidade de seus habitantes e, a partir daí, traçar políticas públicas. "Estamos querendo medir com mais precisão o grau de satisfação da população", diz Daniel Gilbert, professor de psicologia em Harvard.


Essa experiência, que vem sendo realizada numa cidade de 72 mil habitantes -onde, aliás, se pode comer um divino pão de queijo e um pão francês com manteiga na chapa típico das nossas "padocas"-, faz parte de um experimento da ciência da felicidade.


Bobagem no estilo autoajuda? Ilusão?


O que Harvard está tentando fazer em suas faculdades de medicina e saúde pública é tirar a felicidade do besteirol da autoajuda, colocando-a nas mãos de cientistas, com suas máquinas cada vez mais sofisticadas de investigar o cérebro e os conhecimentos sobre genética.


É uma investigação que atinge o mais profundo dos sonhos e dos pesadelos dos seres humanos. Estudo publicado na semana passada sobre os anos de vida perdidos por causa de doenças mostrou que cerca de 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão. A tristeza ou a felicidade, além de problemas genéticos, são contagiosas?


Pesquisa da faculdade de saúde pública de Harvard revela que sim: tanto a tristeza como a felicidade "pegam". Usando recursos da epidemiologia, os pesquisadores mediram como pessoas que demonstram alegria propagam uma atitude mais positiva entre familiares e amigos, gerando um contágio. Viram também que a tristeza passa por fenômeno semelhante, mas (felizmente) sem a mesma intensidade da felicidade. A informação é baseada no acompanhamento de 5.000 pessoas durante 20 anos.


Os cientistas da felicidade, usando equipamentos de ressonância magnética e grupos de controle, estão dando caráter científico a práticas milenares, como a meditação. Esse conhecimento já vem sendo experimentado nos hospitais para ajudar na recuperação de pacientes.


Também nos hospitais são feitos testes que revelam como pessoas alto-astrais têm menos propensão a problemas do coração, hipertensão, diabetes ou infecções respiratórias. Vemos, assim, como determinadas sensações provocam reações bioquímicas no corpo.


A ciência da felicidade consegue, às vezes, fundamentar o senso comum. O antigo ditado "Dinheiro não traz felicidade" parece comprovar-se. "Vemos que jogar muita atenção na aparência ou nas coisas materiais, como um carro novo, traz muito menos satisfação do que fazer trabalho voluntário, quando nos sentimos relevantes e parte de algo maior", afirma Nancy Etcoff, responsável pelo curso de ciência da felicidade de Harvard.


O trabalho voluntário, segundo ela, aciona um sistema de recompensa no cérebro. Ela percebe, em suas pesquisas, que mulheres muito ligadas à aparência física tendem a ser menos felizes. "Muitas vezes, as pessoas procuram a satisfação no lugar errado. Percebemos isso pelo sistema de recompensa cerebral", diz ela.


Esse tipo de conhecimento pode mudar decisões individuais, dando força a quem defende uma vida mais simples e menos consumista, mas também tende a mudar comportamentos coletivos.


Vários países, entre os quais a Inglaterra e a França, já discutem a ideia de que medições como o PIB são ineficientes para aferir o grau de desenvolvimento de uma nação e de que a felicidade deveria entrar na contabilidade. Esse debate entrou no Brasil com um movimento pela inclusão do direito à felicidade na Constituição.


Isso significa encontrar um jeito diferente -e mais exigente- de cobrar as promessas dos políticos.


PS- Selecionei e incluí no catracalivre.com.br uma palestra extremamente didática, traduzida para o português, da professora Nancy Etcoff.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade

Por Alberto Kirilauskas


Segue abaixo um texto do professor Aziz Ab’Sáber da FFLCH - USP que contribui para o aprofundamento nas reflexões sobre a proposta de alteração do código florestal brasileiro. A fonte do texto é o site Scielo - ela está no final do texto - atestando a veracidade do mesmo. Sem mais delongar desejo boa leitura.

Código da Biodiversidade
Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macro-biomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias, e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem que ser conduzido por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis. Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais. Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não tem qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos tecnico-cientificos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, seja no Brasil Tropical Atlântico, ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.
Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília, e recebemos em resposta que essa era uma idéia boa, mas complexa e inoportuna (...). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos, venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (...). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha!
Os Erros da Revisão do Código Florestal
O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território especifico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Policia Federal rural, e o Exercito Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que tem muito a aprender com um Código novo que envolve todos os macro-biomas do país, e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimatico e fitogeográfico do território. Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização”, é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza dos pais. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras: a zonal amazônica e a azonal das matas atlânticas o domínio dos cerrados, cerradoes e campestres: a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos: os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, além de nosso litoral e o Pantanal Mato-grossense.
Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exercito paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília, e diferentes membros do executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres, o dono da fazenda e sua esposa, e os filhos em cavalos lindos. E, os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E, alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos, deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.
Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”. Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do cetro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (...). Ou seja, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo, são libertados para madeireiros contumazes. E, o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para re-utilizar terras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominadas por areias finas (siltização).
Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora está reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do país. Imagine-se que para o Rio Amazonas, a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.
Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.
Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripario-biomas), e, depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas).
Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma critica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, porque na Amazônia a lei exige 80%. Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição. Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa, foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma derruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia Brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².
Os relatores do Código Florestal, falam em que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestramento. Esse último, pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que, eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas, foi feito um plano de (re)organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: Projeto FLORAM. Os eucaliptologos perdem éticos quando alugam espaços por 30 anos, de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis, do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinos, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.
Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo, que conhecemos há muito tempo, e de quem sempre esperávamos o melhor, no momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem que pensar na sua biografia, e, sendo político, tem que honrar a história de seus partidos. Mormente, em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.
Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente, se deve enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia, e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Tratam-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições socioambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do executivo federal, teríamos que conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia que envolve conexões com nove estados do norte brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. Eassim por diante.
Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.
Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico, que vem sendo estabelecidas glebas nas quais se poderia realizar um desmate de até 80%, haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Lembrando ainda que, nas propostas de revisão, propriedades de alguns até 400 ha, teriam o direito de um desmate total em suas terras, vejo-me na obrigação de que a médio e longo prazo existiria um infernal caleidoscópio no espaço total de qualquer área da Amazônia. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas, ficarão à mercê de corte de árvores dotadas de madeiras nobres. E, além disso, a biodiversidade animal, certamente será a primeira a ser afetada de modo radical.
A Cartografia da Reserva Legal
Uma cartografia simbólica dos desmates, em propriedades de diferentes tamanhos, permite uma previsão visual do que seria a dinâmica do cenário do desmatamento regional, antevisto a médio prazo. Baseados em fatos reais já acontecidos no vale do Tocantins (Pará) e nos planaltos interiores de São Paulo e Minas Gerais.
No caso da Amazônia (o que mais nos preocupa), machadeiros e motoserristas – acompanhados de queimadas sincopadas – o roteiro dos desmatamentos seguiu por rodovias, ramais e sub-ramais, atingindo radicalmente as “espinhelas de peixe” dos loteamentos feitos em quarteirões especulativos no interior das matas biodiversas. Lotes de 50 a 100 ha, considerados pequenos na Amazônia, foram vendidos a incautos moradores de regiões distantes. Nesse último caso, os numerosos aquisidores, que nem mesmo puderam chegar ao sítio das terras compradas à distância, cederam o espaço para madeireiras espertas e persistentes. Fato que pode ser visto e analisado em imagens de satélite na região norte do Mato Grosso, no médio Tocantins, na Bragantina, Acre sul-oriental, Rondônia, Oeste-noroeste do Maranhão, e diversos outros setores das terras amazônicas.
Insistimos em prever que se houver um Código que limite a área de proteção das florestas a apenas 20% do espaço total de cada propriedade, seja qual for o seu tamanho, de 400 a 1.000.000 de ha – o arrasamento a médio prazo será inimaginavelmente grande e progressivo.
Uma das justificativas mais freqüentes, para os que são favoráveis para a ampliação de áreas desmatáveis, – em cada propriedade de terra firme na Amazônia – é de que, assim, haverá mais emprego para trabalhadores amazonidas. Pouca gente lembra, entretanto, que em numerosas fazendas e fazendinhas da Amazônia Brasileira predomina o trabalho semi-escravo. Desde o início da ampliação das chamadas fronteiras ditas agrícolas, predominaram o trabalho braçal periódico ou temporário, para machadeiros, criadores de gado, madeireiros e plantadores de eucaliptos. Sendo que, nas raras áreas de solos melhores, estabeleceu-se o vai-e-vem tradicional de empregos no preparo da terra e plantio, em períodos limitados. E, mais tarde, diversas atividades na época da colheita. Caminhoneiros fizeram penetrações esdrúxulas para atingir locais de madeiras nobres ou transportar troncos de árvores para serrarias ou para o transporte de produtos das raras commodities. Agora, em espaços da soja, da cana, e muito eventualmente do arroz. Sendo que somente os capatazes mandonistas ganham razoavelmente.
Quem procura um emprego qualquer, em uma fazenda, ainda que temporário, sofre um drama trágico e muito cansativo. Para chegar à fazenda escolhida, marcham a pé com sua matulinha mirrada de roupas singelas, caminhando por quilômetros nas estreitas trilhas das florestas, até atingir as propriedades onde conseguirão um emprego braçal. Seja o preparo do solo para plantações; seja ampliação dos capinzais para o gado; seja no corte de árvores para ampliação dos espaços ditos produtivos; seja no trabalho rápido e esgotante nas épocas de colheitas. Quando despedidos são obrigados a voltar para áreas de beira de estradas onde existem rústicas aldeias ou “ruas” pseudo-comerciais.
Temos acompanhado, desde 1972, os problemas criados por capatazes autoritários em propriedades amazônicas, pertencentes a pessoas ou grupos de pessoas alienígenas. Conflitos dos mais diferentes tipos acontecem entre pobres trabalhadores silvos-rurais e os donos de propriedades dos mais diferentes tipos. Há uma resistência permanente em face à remuneração dos que vem de fora em face dos minguados preços pagos aos que nasceram na própria Amazônia. Reciprocamente, o comportamento dos proprietários em relação aos poucos tratos de terras férteis pertencentes a reservas indígenas, é catastrófico e quase insolúvel. Um dia encontrei em um aeroporto um proprietário de uma fazenda, que ia viajar para a Amazônia no Noroeste da Roraima, onde possuía suas terras. Perguntei-lhe, qual era a relação entre seus camaradas e os índios yanomamis da região, e a resposta infeliz veio rápida e antiética: “Para eles, é o meu capataz que responde, erguendo seu perigoso facão”.
Numa ocasião, ao término de uma visita a uma fazenda dedicada à pecuária, nos pediram que em nossa volta levássemos para uma farmácia um camarada doente, que estava passando muito mal. Na realidade, era alguém que contraiu uma malária radical, designada por “tersã maligna”. Não dá para falar sobre o triste estado do pobre trabalhador, sentado no banco detrás do meu carro. Na farmácia, tomamos conhecimento que em casos similares a única providencia era um coquetel de remédios agressivos, através dos quais, o pobre doente “melhorava ou morria”.
Na rodovia entre Rio Branco e Brasiléia (Acre), pudemos sentir o ódio que alguns jovens tinham para o que chamavam de “paulistas”, os quais teriam comprado terras durante os trabalhos de construção da estrada. O desmate interfluvial fez com que as cabeceiras de igarapés secassem; e que muitas propriedades da terra firme desmatada, ficassem sem qualquer atividade produtiva. Explicação dos acreanos: inadimplência dos proprietários alienígenas “porque nunca eles quiseram fazer uma parceria conosco, que temos muito mais experiência sobre atividades agrárias em nossa região”. Note-se que o termo “paulista” dizia respeito a qualquer pessoa procedente do centro sul do Brasil. Tal como nessa imensa área, todos os migrantes são designados por “baianos”, independentemente de onde tenham vindo.
Os Pequenos Produtores
Aqui chegados em nossas considerações, torna-se indispensável referir-se a atividades de pequenos produtores familiares, dotados de terras mais férteis, de dimensões limitadas, tais como várzeas de ricos solos fluvio-aluviais ao longo do Rio Amazonas, ou de pequenas áreas de terra firme dotadas de oxisolos oriundos da decomposição de basaltos ou diabásios (infelizmente porém, essas últimas áreas são bastante raras, envolvendo em seu espaço total menos de oito mil quilômetros quadrados). Ou em um modelo localizado de plantações em praias de estiagem do Rio Acre. Ou, onde vicejam linearmente melancias, melões e algumas plantas alimentares. Ou em bordas de florestas restantes em terrenos de projetos falidos, onde se estabeleceu o importante e famoso projeto RECA. Houve um tempo em que muito se falou em reservas extrativistas, a partir do Acre de Chico Mendes, ampliado para todo o território amazônico. Evidentemente, houve muito exagero nessa campanha, tão simpática quanto inviável. Mas aconteceu felizmente, uma proposta bem mais complexa e diversificada, que pode ter grande aplicação a curto e médio prazo; a qual introduzia atividades mais lógicas e produtivas, sem de tudo eliminar o sentido complementar do extrativismo. Trata-se de um modelo pioneiro, inventado por um ex-padre francês, de origem rural, que após conhecer o Paraná foi para o Acre com a idéia de trabalhar na reutilização de áreas degradadas. Após conversar com o inteligente Bispo Don Grec, em Rio Branco resolveu fazer uma experiência extremamente válida e quase científica porque se utilizou do chamado “efeito de borda” para iniciar plantações com espécies amazônicas, tais como açaí, cupuaçu e pupunha. Seu projeto foi feito em cooperação com amazonidas residentes na fronteira da Rondônia com o Acre, tendo foco inicial na pequena cidade de Nova Califórnia.
Nenhum governo soube perceber o quanto o projeto ali instalado e desenvolvido, poderia ser útil para numerosas outras áreas de borda de matas remanescentes. Sem falar que no seio da floresta continuava o projeto extrativista tão caro aos companheiros do extraordinário acreano Chico Mendes. Além do que, o chamado “reflorestamento econômico concentrado e adensado” (RECA), teve um caráter didático para os cooperados que se integraram no trabalho, produzindo espécies amazônicas e produtos comestíveis importantes para sua alimentação (como açaí, abacaxis, castanhas e, sobretudo mandioca). Na borda das florestas, devido à forte luminosidade e hidratação caída das folhas e galhos poderão ser produzidas muito mais coisas ainda, a favor dos amazonidas, tais como bananeiras e mamoeiros, e diversas outras plantas frutíferas. Muita coisa ainda resta ser analisada, no famoso projeto, que infelizmente foi muito pouco compreendido por técnicos e governantes.
Nas mudanças que se pretendem fazer para o atual Código Florestal existem alguns tópicos extremamente criticáveis. Ao se discutir o tamanho de propriedades familiares definiu-se as mesmas até 400 ha. Fato que significa que todas as pequenas e médias propriedades produtoras, ou parcialmente aproveitadas, até 400 ha poderão ser totalmente desmatadas. O fato de considerar o espaço de propriedades familiares até o nível de 400 ha é um absurdo total. Trata-se de uma excessiva flexibilização que poderá produzir um mosaico derruidor de florestas ao longo de rodovias, estradas, riozinhos e igarapés. Um cenário trágico para o futuro, em processo no interior da Amazônia brasileira. No entanto, propriedade de 100 a 400 ha, que conservassem um razoável percentual de matas no seu entorno, poderiam receber esquemas parecidos com o projeto RECA, na borda dos remanescentes florestais. Fato que não foi considerado nem de passagem pelos idealizadores e relatores de um novo Código Florestal. Razão pela qual deixamos aqui além de uma crítica que julgamos absolutamente necessária, uma proposição de acréscimos de atividades para pequenas e médias propriedade familiares. Lembrando que quem faz críticas tem que elaborar propostas bem planejadas para resolver as situações consideradas negativas.
Anotamos ainda que a idéia de reduzir para 15 m faixas de proteção de florestas beiradeiras (mini-biomas ripários) tem um caráter extremamente genérico e de duvidosa aplicabilidade. A nosso ver não é possível limitar generalizadamente as áreas beiradeiras, em termos de alguns metros de largura. Pelo contrário, é necessário considerar os fatos relacionados a igarapés, riozinhos, rios, e “parás” (grandes rios), utilizando a tipologia popular amazonida. A impressão que se tem é de que, determinando uma largura geral para proteção, estaríamos possibilitando desmates no nível de todos os espaços situados entre a beira de cursos d’água até muito além onde se situam os interflúvios de colinas ou encostas de pequenas serranias amazônicas. Existe toda uma aula a ser dada sobre essa problemática que tende a criar cenários extremamente caóticos em relação ao futuro a diferentes profundidades de tempo.
Considerações Finais
Um comentário quase final: não se faz qualquer projeto de interesse nacional pensando apenas em favorecer de imediato só uma geração do presente, em termos de especulação com espaços ecológicos, mesmo porque, somos de opinião que devemos pensar no sucesso de todos os grupos humanos, ao longo de muito tempo. Uma questão de bioética com o futuro. Sem pensar na grande capacidade que o conjunto das imensas florestas equatoriais zonais preservadas da Amazônia, tem em relação ao clima do planeta Terra; assunto que preocupa todos os pesquisadores sensíveis do mundo. Gente que espera que o Brasil faça uma proteção integrada da maior área de vegetação florestal que ainda resta em regiões equatoriais e sub-equatorias do mundo. Será muito triste, cultural e politicamente falando, que pessoas de diversas partes do mundo ao lerem as mudanças absurdas pretendidas para o Código Florestal, venham a dizer que fica comprovado que “o Brasil não tem capacidade para administrar e gerenciar a Amazônia”. Ainda que em outros países haja um interesse permanente em adquirir por preços irrisórios as madeiras do território amazônico. Tristes frases que sempre vem sendo ditas ao sabor de trágicos acontecimentos ocorridos em nossa principal área de vegetação florestal, que se estende por alguns milhões de quilômetros quadrados.
A utopia de um desenvolvimento com o máximo de florestas em pé não pode ser eliminada por princípio em função de mudanças radicais do Código Florestal, sendo necessário pensar no território total de nosso país, sob um ampliado e correto Código de Biodiversidade. Ou seja, um pensamento que envolva: as nossas grandes florestas (Amazônia e Matas Tropicais Atlânticas); o domínio das caatingas e agrestes sertanejos; planaltos centrais com cerrados, cerradões e campestres; os planaltos de araucárias sul-brasileiros; as pradarias mistas do Rio Grande do Sul; e os redutos e mini-biomas da costa brasileira e do Pantanal mato-grossense, e faixas de transição e contrato (core-áreas) de todos os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros).
Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de quinhentos a milhares de hectares, e dentro de cada parcela das glebas colocasse indicações de 20% correspondente às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em espaços de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 ha, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente, decorridos poucos anos.

domingo, 15 de maio de 2011

Tibet se torna líder de energia solar da China

Publicado em 12/05/2011


A Região Autônoma do Tibet, no sudoeste da China, está pronta para se tornar a base líder de geração de energia solar do país, com mais 10 usinas fotovoltaicas a ser concluídas ainda este ano.As novas usinas, com um investimento total de 2 bilhões de yuans (US$ 308 milhões) e uma capacidade total de 100 megawatts, aproveitarão os recursos abundantes de energia solar do Tibet para aliviar a escassez de energia na região do planalto, disse Wang Haijiang, pesquisador renomado sobre energia do Tibet.

A construção da maior parte das novas usinas já foi iniciada, inclusive uma de geração solar fotovoltaica, de 30 megawatts, na Sub-região Xigaze, cerca de três quilômetros ao noroeste da segunda maior cidade do Tibet, Xigaze.

Concluída este mês, a usina gerará até 20,23 milhões de quilowatts-horas de eletricidade por ano, disse Wang.

Enquanto isso, uma usina de 10 megawatts está sendo construída em Yangbajing, uma vila 90 quilômetros ao noroeste de Lhasa, capital regional, com uma capacidade de geração de energia projetada de 430 milhões de quilowatts-horas durante sua vida útil de 25 anos.

O Tibet tem recursos solares abundantes, com uma média de 3 mil horas de radiação solar por ano, ou cerca de 6 mil a 8 mil megajoules por metro quadrado.

Nos últimos 60 anos, o Tibet intensificou a exploração de seus recursos de energia limpa, esperando proteger a ecologia do planalto enquanto buscava crescimento econômico, disse Wang. A região começou a usar energia solar nos anos 1980.
Hoje, os sistemas instalados de geração solar fotovoltaica da região, de 9 megawatts, responde por 13% do total da China.

A energia solar é agora extensamente usada por famílias tibetanas: quase 400 mil fogões solares, 10 mil metros quadrados de casas aquecidas por energia solar e 200 mil famílias que dependem da energia solar para iluminação.

O governo regional do Tibet estimou que a energia solar ajudou a economizar pelo menos 162.800 toneladas de carvão equivalente no ano passado.

A China planeja expandir o mercado de energia solar fotovoltaica gradualmente, para que conte com cerca de 5 milhões de quilowatts de capacidade instalada em 2015 e 20 milhões em 2020, de acordo com a Administração Nacional de Energia do país.

por Agência Xinhua

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Por Rachel Trovarelli

A solução para a crise economica, ambiental e social, parecem ser, pelo menos num primeiro momento, soluções locais. Dessa forma, ainda que não possamos nos tornar sustentáveis de uma hora pra outra, podemos nos tornar mais sustentáveis. Não devemos esquecer que a sustentabilidade não engloba apenas o meio ambiente. Pra mim, a sustentabilidade perpassa o meio ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, as relações, o espírito...
Mas, começar a respeitar a natureza, o meio ambiente, já é se tornar mais sustentável.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Algumas reflexões sobre Educação Ambiental

Por Alberto Kirilauskas


"Como fazer para a EA não ser apenas um tapa-buracos em nossa sociedade"?

            Antes de responder a questão, necessito demonstrar qual é a EA que estou me referindo.
Para o professor Pedro Jacobi o desafio existente é de se criar uma educação ambiental que seja crítica e inovadora em dois níveis: formal e não formal. E que acima de tudo ela deve ser um ato político voltado à transformação social.
O professor Jacobi diz que “o principal eixo de atuação da EA deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença, por meio de formas democráticas de atuação, baseadas em práticas interativas e dialógicas”.
Para o professor Aziz Ab’Saber “educação ambiental é um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades e que garante um compromisso com o futuro. Uma ação entre missionária e utópica destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Trata-se de um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual como coletivo.”
Ab’Saber continua, “a preocupação básica da EA é a de garantir um meio ambiente sadio para todos os homens e tipos de vida existentes na face da Terra”. Entende-se que a EA possui um papel fundamental na construção de um futuro melhor. Deve existir para além do crescimento econômico industrial, um crescimento nos níveis de qualidade de vida de todos os seres vivos, não se restringindo a certas classes sociais ou espécies. E ele completa que a educação ambiental é “um processo educativo que envolva ciência e ética, e uma renovada filosofia de vida. Um chamamento à responsabilidade planetária dos membros de uma assembléia de vida, dotados de atributos e valores essenciais: capacidade de escrever sua própria história; informa-se permanentemente do que está acontecendo em todo o mundo; criar culturas e recuperar valores essenciais da condição humana. E, acima de tudo, refletir sobre o futuro do planeta.”
            Diante dessa conceituação acima apresentada, entendo que a EA, quando implementada, ela por si só impedirá que seja um tapa buraco. Isso acontecerá porque ela é crítica, busca uma ética e procura reformular comportamentos.  Sendo crítica, ela não se “contentará” em tapar um buraco, mas sim buscar a resposta de porque existem buracos, e as respostas (que são novos questionamentos), para outras perguntas. É um processo contínuo e interminável, que permeará a vida humana enquanto ela existir.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Lançamento 5º Edição

Caros leitores,

A 5º Edição do Jornal O Marreco já está sendo distribuída. A versão digital já está aqui nesse blog, no quadro Edição atual.

Durante essa semana e a próxima iremos distribuir nos diversos pontos as edições impressas. Entre esses pontos temos a ESALQ/USP, bancas de jornais, Instituições de ensino em Gestão Ambiental (como a EACH/USP, Instituto Federal do Sul de MG...), Associações de Moradores de Bairros de Piracicaba, eventos, entre outros.

Agradecemos  especialmente os colaboradores dessa edição: Ariane Ramalho, Eliane Afonso, Henrique Becker, Marcio Leandro Silva, Sara Hirata, Wagner Lima.

Gostaria de lembrar que recebemos continuamente materiais para publicação. Basta enviar para omarreco@yahoo.com . Neste email, também recebemos dúvidas, críticas e sugestões.

Boa leitura a todos.

Capa da 5º Edição, maio/junho de 2011

Equipe O Marreco

domingo, 1 de maio de 2011

Estudantes, egresso e professores discutem ensino em Gestão Ambiental na ESALQ

Por Rachel Trovarelli

Aconteceu ontem e hoje (30 de abril e 1 de maio) o I Fórum Interno de Gestão Ambiental da ESALQ/USP. O principal objetivo do evento foi refletir o ensino no curso e chegar a um posicionamento a ser defendido pela ESALQ no II Fórum Nacional de Ensino em Gestão Ambiental, que será realizado na EACH entre os dias 11 e 14 de maio.

O evento contou com a participaçao de diversos professores do curso, entre eles Prof Thiago Romanelli, Prof Arquimedes, Profa Célia além de professores da coordenadoria do curso de Gestão Ambiental da ESALQ.

A metodologia utilzada no evento foi inclusiva e participativa, com a formação de GTs. Primeiramente, no sábado, aconteceu a mesa redonda "Refletindo a Gestão Ambiental", composta pela Profa Odaléia Queiroz e o Prof Luiz Carlos Estraviz. Como mediador, Renato Morgado, o Lesado, apresentou algumas reflexões que tem feito em seu projeto de mestrado que tem como temática o ensino superior em Gestão Ambiental.
Estudantes e professores discutindo ensino em um dos grupos de discussão.
Foto: Ronnie Peguim


Em seguida a dinâmica do evento seguiu a partir da idéia que deve-se construir a matriz curricular do curso pensando primeiramente qual é o modelo de desenvolvimento que queremos para entao, pensar-se a Gestão Ambiental. Após a conceituação do termo Gestão Ambiental,  pensou-se, através de diversos estudos de casos, competências e habilidades necessárias para esse profissional, utilizando como base o Projeto Pedagógico do curso de Gestão Ambiental da ESALQ/USP, a Carta do I Fórum de Egressos em Gestão Ambiental da ESALQ e a Carta do I Fórum Nacional de Ensino em Gestão Ambiental.

No domingo, as dicussões se iniciaram com a divisão das disciplinas obrigatórias em grandes áreas: Ciencias naturais, Ciencias humanas e Administração e disciplinas instrumentais. Os estudantes e professores presentes, divididos em grupos, respoderam as seguintes questões para cada disciplina:
- A área de conhecimento possui qual relação com a proposta de formação do curso?
- Qual a adequação/contextualizadação dos conteúdos e metodologias da disciplinas (da forma como é oferecida atualmente) em relação a proposta de formação do curso?
As respostas poderiam ser: muito alta, alta, baixa ou muito baixa.
- Quais sugestões para adequar/contextualizar os conteúdos e metodologias das disciplinas avaliadas?
- Existem áreas de conhecimento deste eixo de formação que possuem relação muito alta/alta com a proposta de formação que possuem relação alta/muito alta com a proposta de formação do curso e que estão ausentes no mesmo? Quais?

Após a dicussão de cada grande área, foi conversado sobre o processo de interdisciplinaridade entre as disciplinas e ficou claro durante todo o processo a necessidade de inclusão docente as discussões: " O aprimoramento do curso e a construção de uma visão interdisciplinar tem como pré requisito a participação ativa dos docentes. O diálogo entre os docentes é um desafio ainda maior numa estrutura como a da ESALQ na qual alguns professores nem se conhecem." diz Renato.

Para o Prof Romanelli, que leciona a disciplina Recursos Energéticos e Ambiente o evento foi "uma oportunidade muito válida para os alunos discutirem a qualidade do ensino que estão recebendo da instituição, alinhado com a observação que vem dos egressos e buscando auxiliar a estrutura do curso a essa adequação percebida. "

Para  a discente Amábile Sanchez "o evento foi muito rico e as discussões contribuiram para visualizarmos o profissional Gestor Ambiental,suas competências/habilidades e também como cada disciplina contribui para o desenvolvimento dessas habilidades.Outro ponto importante do evento foi voltar a questões básicas como a definição de Gestão Ambiental. Infelizmente a baixa adesão de professores e alunos não permitiu que essas discuções fossem tão  representativas quanto o CAGeA esperava, mas o espaço foi aberto e talvez essas discussões que surgiram sirvam de atrativo para aqueles que não compareceram."

Os encaminhamentos do evento serão dados pelo CAGeA através da formulação de uma carta como produto final. Esta carta irá ser amplamente divulgada aos estudantes e professores do curso e diversas propostas de encaminhamentos para as questões conflituosas do curso foram sugeridas.

Os representantes da ESALQ no Fórum Nacional de Ensino em Gestão Ambiental serão a Profa Odaléia Queiroz, coordenadora do curso, um outro professor ainda não confirmado e as discentes Ariane Ramalho (Baralho) e Gabriela Mendonça (D-Graça).