quinta-feira, 24 de junho de 2010

RG 40.564.368-2

Por Alberto Kirilauskas

Coloquei minhas calças vermelhas e minha blusa verde. Em meu pescoço está o colar herdado de minha família, os Brecherds. E no meu dedo está o anel ganhado quando jovem. Dia frio convida a colocar o chapéu preto. Desço pelas ruas da Mooca, cantando os clássicos do Rock. Comecei por Elvis, passei pelo som intenso do The Doors até chegar à elevação do The Wall do Pink Floyd. Lembrei do passado distante. Futebol aos domingos no campão da Vila Prudente, e após as partidas existiam as horas de argumentação sobre a existência ou não da falta. E na faculdade de direito a argumentação era outra. Análises profundas sobre a legalidade das ações tomadas pelo Estado. Tempos de estudante. Reuniões para conversarmos e discutirmos sobre as possibilidades de mudança. Retorno ao presente. O Jair, o Gomes, a Lira estão no partido do Fernandes Telira. Já a Leila, a Mariana, o Dinho e o Wilson estão no partido do Elenilson Fontes. E nós, o Jacob, a Fabi, e eu, trabalhamos juntos na organização social da Vila Sá. Cada um possui um carro diferente, mas todos são da mesma cor. E cada um mora numa zona da cidade. O Jacob na leste e a Fabi na Norte. Cada um já tem sua casa própria mesmo morando sozinhos. Termino de descer as ruas. Chego na padaria do seu Pedro e tomo o meu café de todas as manhãs com a rapaziada da colônia Italiana.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em vias de...

Por Alberto Kirilauskas

Vontade de ser gigante.

Disseram que seria um gigante. Estimulado pelos tantos dizeres sobre as suas possibilidades de ser gigante, ele se esforçou para sê-lo. Ser gigante não é deveras igual a ser sábio. A sabedoria dizia que ele era um gigante que engraxava os sapatos dos gigantes maiores e fazia com que os gigantes inferiores engraxassem os seus.

domingo, 13 de junho de 2010

COPA 2014 - 86 Projetos ambientais já aprovados.

Por Rachel Trovarelli


Retirado de: Agência Brasil - Estado de São Paulo

foto: divulgação.


BRASÍLIA - Já existem 86 projetos ambientais aprovados em diversos níveis de governo como parte dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, com investimentos que somam R$ 24 bilhões. Doze estão vinculados a obras nos estádios das cidades-sede, 53 são de mobilidade urbana, 14 para aeroportos e sete para portos
A informação é do coordenador da Câmara de Meio Ambiente da Copa, Cláudio Langone, que participou da Primeira Oficina de Licenciamento

Ambiental dos Empreendimentos Prioritários para a Copa de 2014, que ocorreu em Brasília nesta sexta-feira, 28, e contou com a participação de representantes do governo federal, dos Estados e dos municípios.
Durante os debates, o representante do Amazonas, Emanuel Guerra, defendeu a tese de que os investimentos feitos pelos Estados e municípios em meio ambiente sejam recompensados com algum tipo de benefício fiscal, a exemplo das isenções de impostos concedidas pelo governo federal para a Federação Internacional de Futebol (Fifa), para empresas associadas e para gastos com material nas obras dos estádios.
Só o projeto ambiental do Amazonas para o novo estádio que será construído para a Copa, a Arena da Amazônia, vai custar R$ 6 milhões", afirma.
Na oficina, foram discutidos os procedimentos para licenciamento ambiental dos projetos que serão executados nas 12 cidades-sede do evento: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Recife e Salvador.
O coordenador da Câmara de Meio Ambiente da Copa, Cláudio Langone, informou que a oficina vai produzir um documento com no máximo dez sugestões ao governo federal sobre as questões envolvendo licenciamento ambiental para a Copa.
Langone disse que o objetivo é evitar que eventuais divergências entre os responsáveis pelas obras e os órgãos de meio ambiente ou o Ministério Público acabem na Justiça e atrasem o cronograma determinado pela Fifa.



sexta-feira, 11 de junho de 2010

V ENEGeA

Por Rachel Trovarelli

Foi realizado nos dias 21, 22, 23 e 24 de julho o V Encontro Nacional dos Estudantes de Gestão Ambiental na cidade de Inconfidentes - MG. O encontro contou com a presença de estudantes de diversas instituições de ensino espalhadas pelo Brasil que discutiram e deliberaram as diretrizes do ENEGeA e a institucionalização da CONEGeA (Conselho Nacional dos Estudantes de Gestão Ambiental). O evento ainda contou com oficinas e mini cursos, palestras e confraternizações.

As principais deliberações do evento foram:

- O VI ENEGeA irá ocorrer na UNINCOR na cidade de Três Corações (MG) em 2011.
- O 2º Fórum de Representantes Discentes e Coordenadores de curso irá ocorrer na EACH (USP Leste, SP). Neste evento, o objetivo é definir diretrizes curriculares para o curso e uma grade minimamente comum entre as instituições de ensino.
- O I InterGeA será sediado e organizado pela UFSCAR. O encontro promoverá a integração entre os estudantes de GA através de jogos e gincanas.
- Foi formado um grupo de trabalho (GT) para continuar elaborando o estatuto da CONEGeA e apresenta-lo no próximo ENEGeA.
- Cada Centro Academico, deverá indicar seus 3 representantes para a CONEGeA até meados de setembro.

Em breve, o jornal O Marreco disponibilizará as fotos do evento.

Parabéns a todos os participantes do V ENEGeA pelo comprometimento com a causa, em especial aos organizadores do encontro: CAGECO e CONEGeA.

Desastres Ambientais

Por Rachel Trovarelli


Nas últimas décadas, o mundo tem se deparado com diversas catástrofes ambientais. Podemos listar algumas delas como o grande vazamento de petróleo no Alasca, em 1989; o derrame na costa da Galícia espanhola, que até hoje tem graves consequências na pesca européia. Ou o chamado desastre de Bhopal, quando o vazamento de 20 toneladas de pesticida numa indústria na Índia matou 20 mil pessoas e deixou 150 mil com graves doenças. Esses são alguns exemplos de grandes tragédias que obtiveram certo destaque na mídia na época. Porém, no corre-corre do dia a dia, nos esquecemos das toneladas de lixo a céu aberto que contaminam o solo e corpos d’águas, ou então, as toneladas de esgotos que são lançados todos os dias nos rios brasileiros e em diversos outros lugares do mundo. Não queremos julgar se esses últimos descasos ambientais citados devem ter maior ou menor importância que as “grandes tragédias” nas políticas públicas ou socioambientais, porém aparenta ser algo na qual estamos acostumados, e portanto não ficamos tão chocados quando como vemos um acidente ambiental de grande magnitude.


Recentemente, assistimos perplexos aos esforços da companhia petrolífera britânica British Petroleum (BP) em conter o violento vazamento de petróleo no Golfo do México. Tudo começou no final de abril, com uma explosão no poço de perfuração e em pouquíssimo tempo já começava o vazamento e as tentativas (sem sucesso) para contê-lo. Até agora, é impossível dimensionar quantos litros de óleo (estima-se algo em torno de 80 milhões a 170 milhões) e quanto dinheiro foi “afogado” no acidente. Atualmente, uma operação da BP tem conseguido reter 1,7 milhão de litros de óleo por dia, porém o vazamento ainda continua e logo poderá ser o pior da história.

Foto:Nasa/AP

Este tipo de acidente, de imensurável dano ao ambiente, traz a tona a discussão em relação à contabilidade ambiental das empresas. É algo pouco desenvolvido e que precisa de muito estudo e trabalho para que se alcance resultados efetivos. Existem alguns tipos de Balanço Ambientais sugeridos, na qual, algumas empresas seguem o modelo para divulgação da sua relação com o meio ambiente, como Eco-Management and Audit Scheme (EMAS), e Global Reporting Initiative – GRI. Este último é o modelo adotado pela empresa Natura Cosméticos. Atualmente, no Brasil, nenhuma empresa é obrigada a demonstrar sua relação com o meio ambiente. Trata-se de uma “faca de dois gumes” para as entidades: A informação pode ao mesmo tempo beneficiar (caso demonstre sua preocupação e ação relativas à qualidade ambiental) e/ou prejudicar a empresa (caso sejam ressaltados seus aspectos negativos).


É importante ressaltar a importância dos passivos ambientais na hora da compra, fusão, cisão, incorporação e etc de empresas. Podemos citar o caso em que a Rhodia, atuante no setor de químicos, decidiu em 1976 adquirir as instalações de outra empresa no município de Cubatão. Após concluída a operação, verificou-se que também havia adquirido gigantesco depósito de lixo químico, que exigia tratamento, pois corria o risco de inviabilizar a continuidade operacional e a interação com a comunidade. Ainda sofre conseqüências e já teve a unidade interditada pelos órgãos responsáveis. Estimam-se gastos superiores a US$ 20 milhões.


Recentemente, o presidente russo, Dmitri Medvedev, tem discursado sobre sua preocupação em relação aos grandes desastres ambientais e pretende propor na próxima reunião do G-20, no final do mês de junho, a criação de um fundo internacional que preste uma assistência nesses (catastróficos) eventos, além de fortalecer a legislação mundial na área. Veja o artigo na íntegra divulgado no Ambiente Brasil em 7 de junho.


Rússia propõe fundo internacional contra desastres ambientais


O presidente russo, Dmitri Medvedev, pediu neste sábado que as potências econômicas mundiais considerem criar um fundo global para abordar desastres ambientais de grande escala, como o derramamento de petróleo no Golfo do México.
“Talvez nós devêssemos considerar criar um fundo global para ter mais segurança frente a esse tipo de risco (ambiental)”, disse o presidente no blog oficial do Kremlin.
Medvedev disse que espera levantar a questão na cúpula do G-20, no Canadá, no final de junho.
A Rússia acompanhou de perto a reação da BP ao derramamento, em parte porque 25% da produção total da gigante britânica vem da joint venture TNK-BP, com sede em Moscou.
O vice-primeiro-ministro russo, Igor Sechin, disse neste sábado que o país implementará exigências mais rígidas de segurança para produtores de petróleo após o vazamento da BP, considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Medvedev também pediu pela criação de uma nova estrutura legal para lidar com desastres dessas dimensões.
“Nós precisamos implementar uma estrutura moderna de lei internacional nessa área, talvez na forma de uma convenção de vários acordos que abordem as questões que surgem em desastres como o do Golfo do México”, escreveu.
Líderes do Grupo das 20 nações desenvolvidas e emergentes vão se reunir em Toronto nos dias 25 e 26 de junho.


Talvez mais efetivo que um fundo internacional de apoio aos grandes acidentes ambientais, seja interessante uma política de prevenção desses eventos e para isso uma alternativa pode ser o fortalecimento da lei, aplicando multas severas e investindo esse dinheiro no desenvolvimento da contabilidade ambiental, tecnologias mais eficientes e trabalhos de educação ambiental.

Fontes consultadas:
RIBEIRO, M.S., Contabilidade ambiental – cap 2
Ambiente Brasil – (http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/06/07/55693-russia-propoe-fundo-internacional-contra-desastres-ambientais.html)

Por Alberto Kirilauskas

Ao longo dos últimos anos, temos testemunhado o crescimento de um tipo muito diferenciado de movimento social que é contra a globalização neoliberal. Um movimento que freqüentemente fala das línguas das identidades locais, ameaçadas pelo desenvolvimento econômico. Entretanto, eu sinto que, nesse mesmo movimento, parece haver uma forte ambivalência. A identidade pode ser um caminho para a emancipação, mas também uma forma de opressão. O que você pensa disso?

Evidentemente, é cedo demais para fazer a avaliação final do significado histórico dos chamados movimentos “antiglobalização”. Penso, diga-se de passagem, que o termo é equivocado. Não se pode ser “contra a globalização”, da mesma forma que não se pode ser contra um eclipse do Sol. O problema, é o próprio tema do movimento, não é como “desfazer” a unificação do planeta, mas com domar e controlar os processos, até agora selvagens, da globalização – e como transformá-los de ameaça em oportunidades para a humanidade.

Uma coisa, porém, precisa ficar clara: “pense globalmente, aja localmente” é um lema mal concebido e até perigoso. Não há soluções locais para problemas gerados globalmente. Os problemas globais só podem ser resolvidos, se é que podem, por ações globais. Buscar salvar-se dos efeitos perniciosos da globalização descontrolada e irrefreada retirando-se para um bairro aconchegante, fechando os portões e baixando as janelas só ajuda a perpetuar as condições de ilegalidade ao estilo “faroeste” ou “terra de ninguém”, de estratégias do tipo “salve-se quem puder”, de desigualdade feroz e vulnerabilidade universal. As forças globais descontroladas e destrutivas se nutrem da fragmentação do palco político e da cisão de uma política potencialmente global num conjunto de egoísmos locais numa disputa sem fim, barganhando por uma fatia maior das migalhas que caem da mesa festiva dos barões assaltantes globais. Qualquer um que defenda “identidades locais” como um antídoto contra os malefícios dos globalizadores está jogando o jogo deles – e está nas mãos deles.

A globalização atingiu agora um ponto em que não há volta. Todos nós dependemos uns dos outros, e a única escolha que temos é entre garantir mutuamente a vulnerabilidade de todos e garantir mutuamente a nossa segurança comum. Curto e grosso: ou nadamos juntos ou afundamos juntos. Creio que pela primeira vez na história da humanidade o auto-interesse e os princípios éticos de respeito e atenção mútuos de todos os seres humanos apontam na mesma direção e exigem a mesma estratégia. De maldição, a globalização pode até transformar-se em bênção: a “humanidade” nunca teve uma oportunidade melhor! Se isso vai acontecer, se a chance será aproveitada antes que se perca, é, porém, uma questão em aberto. A resposta depende de nós.

Não vivemos o fim da história, nem mesmo o princípio do fim. Estamos no limiar de outra grande transformação: as forças globais descontroladas, e seus efeitos cegos e dolorosos, devem ser postas sob o controle popular e democrático e forçadas a respeitar e observar os princípios éticos da coabitação humana e da justiça social. Que formas institucionais essa transformação produzirá, ainda é difícil de conjeturar: a história não pode ser objeto de uma aposta antecipada. Mas podemos estar razoavelmente seguros de que o teste pelo qual essas formas terão de passar para poderem cumprir o papel pretendido será o de elevar as nossas identidades ao nível mundial – ao nível da humanidade.

Cedo ou tarde teremos de tirar conclusões de nossa irreversível dependência mútua. A menos que se faça isso, todos os ganhos que os grandes e poderosos obtêm em condições de desordem global (e que os fazem ofender-se e resistir diante de qualquer tentativa de estabelecer instituições mundiais de controle, direito e justiça democráticos) continuarão sendo obtidos de incontáveis seres humanos, aumentando ainda mais a insegurança e a fragilidade, já terríveis, do mundo que habitamos conjuntamente.

Zygmunt Bauman – Trecho do livro Identidade (2005)

domingo, 6 de junho de 2010

A continuidade do tempo

Por Alberto Kirilauskas

Nasci. Fui neném, depois cresci e me tornei criança. Fui adolescente e jovem, e agora cá estou eu, alguém de meia idade. Alguém que já leu coisas que descreviam acontecimentos da história. Datas indicando o início ou término de um processo, uma revolução, guerra, invenção da humanidade. Somado a esse gigantesco grupo de acontecimentos existem as informações, mesmo que relativamente imprecisas, sobre o nascimento do universo, das estrelas, da terra, da criação dos combustíveis, da flora e fauna, entre tantas outras coisas que já ocorreram. Depois de ter ocorrido todos esses eventos longos ou curtos, há o presente, esse presente que estamos inseridos e que já foi um futuro próximo ou distante para tudo o que ocorrera. Hoje vivemos num mundo que foi moldado pelas diversas forças que agiram sobre ele ao longo do tempo. O hoje é o futuro dessas pessoas que tiveram grandes sonhos, das que tiveram grande influência e das que tiveram pouca, é o futuro delas!
Alguém de meia idade como eu, tem uma meia vida para trás, onde posso dizer o que me ocorreu, o que fiz e o que deixei de fazer, o quanto me alegrei e sofri. E também uma meia vida para frente, onde existem sonhos que acharão no real seu lugar e outros não. Sendo que um dia essa meia vida se encerrará e existirão outras pessoas que também possuem vidas inteiras, que nascerão, serão nenéns, crianças, adolecentes, jovens e pessoas de meia idade como eu. Elas também terão uma meia vida para trás e meia vida para frente, onde elas saberão o que ocorreu, e terão grandes sonhos a serem conquistados, modificados ou ocultados pelas nuvens da rotina.
Nós, os de meia idade, já fomos nenéns e pretendemos nos tornar velhinhos saudáveis. Assim, desconfio que há uma linha do tempo. Uma linha que não sabemos onde começou e onde ela acabará. Uma linha...

“Há uma adesão à descontinuidade e à contingência bruta, pois, ao perdermos a diferenciação temporal, não só perdemos a profundidade do passado, mas também perdemos a profundidade do futuro como possibilidade inscrita na ação humana enquanto poder para determinar o indeterminado e para ultrapassar situações dadas compreendendo e transformando o sentido dela.” Marilena Chauí.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Gato do Mato Pintado

Por Rachel Trovarelli

"Tigrina
Beleza
Felina,
Elástica,
Plástica
Imagem
Selvagem
Da vida
Inserida
No verso-
Universo
Da mata!

Que rumor é esse na mata?
Por que se alarma a natureza?
Ai... É a moto-serra que mata,
Cortante, oxigênio e beleza."

Carlos D. de Andrade