segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pesquisa analisa situação profissional e acadêmica dos egressos de Gestão Ambiental da ESALQ

Texto: Alicia Nascimento Aguiar

Fonte: www.esalq.usp.br

O agravamento da crise socioambiental intensificada a partir da década de 1990, gerou uma demanda crescente por políticas mais consistentes e efetivas, por ações de responsabilidade do setor privado e por geração de conhecimentos. Neste contexto, a formação de profissionais aptos a refletirem e atuarem dentro da complexidade ambiental tornou-se condição fundamental para a superação dos desafios contemporâneos.

Nos últimos anos, surgiram nas diversas instituições de ensino superior do Brasil cursos específicos como Gestão Ambiental, Engenharia Ambiental, Ciências da Natureza, Ciências Ambientais e Química Ambiental. Na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), Gestão Ambiental é o curso de bacharelado mais antigo do país. Sua primeira turma ingressou em 2002, terminando o curso em 2005. Até dezembro de 2009, 5 turmas se formaram, totalizando 140 egressos.

Assim, para caracterizar diferentes aspectos da situação profissional e acadêmica dos egressos do curso de Gestão Ambiental da ESALQ, foi elaborada pesquisa que aponta a diversidade de temas e instituições nas quais os gestores ambientais atuam. Além disso, realizou-se um levantamento das dificuldades e facilidades relacionadas à inserção no mercado de trabalho, situação profissional atual, faixa salarial, grau de satisfação, realização de pós-graduação ou de outra graduação, opinião sobre lacunas e pontos fortes do curso, entre outras questões.

Embora já existam 191 cursos de graduação no Brasil, são incipientes as pesquisas que buscam analisar e discutir os diferentes aspectos da formação e da atuação profissional, segundo os pesquisadores, Renato Pellegrini Morgado, gestor ambiental formado na ESALQ em 2007, mestrando do programa de pós-graduaçãpo em Ciência Ambiental da USP (PROCAM/USP), e graduandas esalqueanas em Gestão Ambiental, Ariane Carvalho Gonçalves Ramalho e Caroline Garcia Geroto.

Os dados da pesquisa foram coletados entre abril e maio de 2010, a partir da aplicação, por meio eletrônico, de um questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Dos 140 egressos, 111 (79,3%), responderam ao questionário, os quais apresentam a seguinte distribuição etária: 16,2% entre 21 e 23 anos, 56,8% entre 24 e 26 anos, 22,5% entre 27 e 29 anos e 4,5% com mais de 29 anos. A maior parte dos egressos é do sexo feminino (55,5%).

Formação acadêmica
Durante a graduação, os egressos demonstraram uma realização significativa de atividades extra-curriculares. 97,3% realizaram algum tipo de estágio na própria universidade e em menor escala nos setores público, privado e terceiro setor, 51,4% realizaram iniciação científica e 47,7% participaram do movimento estudantil. Em relação à pós-graduação, 47,7% cursaram ou estavam cursando pós-graduação (strictu sensu ou latu sensu), com predomínio de cursos de mestrado (strictu sensu), 50,8%.

A maior parte (75,0%) dos cursos de pós-graduação strictu sensu realizada ou em curso concentra-se na USP, o que demonstra a tendência dos egressos de permanecerem na mesma instituição. Em relação aos programas, houve concentração em Ecologia Aplicada (33,3%), Recursos Florestais (11,1%), Ciência Ambiental (11,1%) e Ciências (11,1%). Por outro lado, os cursos de pós-graduação latu sensu feitos ou em realização pelos egressos pertencem a diferentes instituições públicas e privadas. A Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) aparecem com 12% cada, seguidas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), com 8% cada.

A pesquisa indicou que 9,9% dos egressos iniciaram outra graduação alegando como razões uma melhor inserção no mercado de trabalho e a busca por uma formação complementar para solidificar sua carreira. Os cursos procurados foram Segurança do Trabalho, Hidráulica e Saneamento Ambiental, Administração de Empresas, Ciências Biológicas e Direito.

Atuação profissional e inserção no mercado de trabalho
De acordo com 60,0% dos entrevistados, o principal problema de inserção no mercado foi o desconhecimento do curso de Gestão Ambiental por parte dos contratantes. Na mesma direção, 54,4% ressaltaram que há dificuldades em relação à inscrição em concursos públicos e 40% em participação de seleções para programas de trainee, por se tratar de uma profissão nova e em processo de legitimação. Mesmo assim, 61,3% dos egressos atuam na área de Gestão Ambiental. Destes, 55,9% no setor privado, 29,4% no setor público e 14,7% no terceiro setor, envolvendo 35 diferentes temas em seu exercício profissional, com destaque para educação ambiental (49%), planejamento ambiental (46%), gestão de resíduos (46%), políticas públicas (41%) e certificação e auditoria (38%). São Paulo foi o município com maior inserção dos egressos (30,9%), seguido por Piracicaba (20,6%) e Campinas (5,9%). A remuneração mensal concentrou-se na faixa de R$2.041,00 a R$3.060,00 (44%), seguida pela faixa de R$1.021,00 a R$2.040,00 (22%).

Duas questões independentes avaliaram as dificuldades e facilidades de inserção no mercado de trabalho. Dessa forma, um mesmo participante pode afirmar concomitantemente ter encontrado ambas as situações. Assim, 59,5% dos egressos afirmaram que a principal facilidade apontada para inserção no mercado foi o reconhecimento do nome da Universidade (74,2%), seguida pela postura e perfil profissional adequados (54,5%), ser estudioso (51,5%) e a formação no curso de graduação (50,0%).

Dos 31 temas que os egressos trabalham, os mais citados no setor público foram políticas públicas (75%), educação ambiental (50%), planejamento ambiental (45%), gestão de recursos hídricos (40%) e gestão de resíduos (35%). No setor privado foram certificação e auditoria (58%), sistemas de gestão ambiental (55%), gestão de resíduos (53%), licenciamento ambiental (47%) e responsabilidade socioambiental empresarial (47%). Finalmente, no terceiro setor, foram citados planejamento ambiental (80%), política públicas (70%), recuperação de áreas degradadas e sustentabilidade florestal empatados com 50%. Da mesma forma, com 40%, aparecem educação ambiental, mudanças climáticas, gestão de áreas protegidas, tecnologias sustentáveis e certificação e auditoria.

Finalizando, os pesquisadores afirmam que os profissionais de Gestão Ambiental terão um importante papel na necessária construção de alternativas que apontem para a sustentabilidade de nossa sociedade. Para desenvolver sua potencialidade é necessário que os diferentes aspectos da formação e da atuação profissional sejam analisados e discutidos.

Gestão Ambiental (5 estrelas)
Na 18ª edição do Guia do Estudante (GE), que apontou 509 centros de alta qualificação, o curso de Gestão Ambiental obteve classificação 5 estrelas (excelente). Esse selo de qualidade recebido pela ESALQ, já consta da publicação GE Profissões Vestibular 2011.

O objetivo principal desse curso é a formação do administrador do ambiente, um profissional com embasamento na área de administração, somado a um conhecimento básico em diversos campos das Ciências Humanas e do Ambiente. Dessa forma, a sua formação é humanística e sistêmica, sendo um profissional apto a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente, recebendo informações básicas sobre flora, fauna, conservação da natureza, sensoriamento remoto, ecologia, estando apto para gerir atividades de manejo dos ambientes.

Ao término do curso, o formado será um profissional preparado para elaborar e gerenciar projetos ambientais, principalmente, com relação ao desenvolvimento de estudos e relatórios de impactos ambientais, atuando na administração, no planejamento, na gestão e no desenvolvimento de organizações, em projetos e atividades específicas da gestão ambiental.

Para Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) e atual coordenadora do curso, essa indicação é resultado de um trabalho permanente. "A presença no Guia reforça que estamos no caminho certo, uma vez que promovemos uma análise constante da matriz curricular e da satisfação dos alunos. Além disso, no primeiro semestre promovemos o I Fórum dos Egressos em Gestão Ambiental da ESALQ e constatamos que os profissionais formados na Escola tem significativa continuidade na vida acadêmica, seja no Brasil ou no exterior e registram também uma considerável rapidez de inserção no mercado de trabalho, sendo que muitos deles demonstram perfil empreendedor a partir da criação de micro empresas e organizações não governamentais (ONGs)", relata a coordenadora.


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