segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

OS DESAFIOS DA QUESTÃO AMBIENTAL NA POLÍTICA AGRÍCOLA BRASILEIRA

Por Equipe O Marreco

Foi realizado no dia 11 de novembro o “Fórum sobre os desafios da questão ambiental na política agrícola brasileira”, promovido pelo Grupo de Adequação Ambiental (GADE) JUNTAMENTE COM A Prefeitura do Campus “Luiz de Queiroz” (PCLQ). A programação do evento contou com palestrante de diversos setores, entre eles, cafeeiro, canavieiro e terceiro setor. A senadora Marina Silva também era esperada pelas pessoas inscritas no evento.

“ Acreditamos que a principal contribuição do evento são os esclarecimentos sobre como conciliar agricultura, economia e meio ambiente. Mostrar como cada setor tem se comportado em relação a adequação ambiental e esperamos fomentar na mesa redonda a discussão sobre a substituição do atual Código Floresta brasileiro” diz Juliana Lopes Gonçalves de Azevedo, coordenadora do GADE.

Por motivos de saúde Marina Silva não pode comparecer, mas enviou uma carta, na qual, parabenizou a realização do Fórum no sentido de promoção da discussão sobre o assunto. Escreveu uma breve mensagem aos participantes do evento salientando que considera um equivoco a discussão sobre a reforma do Código Florestal, principalmente a partir de uma visão errônea de que proteger as florestas e a biodiversidade prejudica a agricultura e os agricultores brasileiros. “Costumo dizer que o Brasil só é uma potência agrícola porque é antes uma potência ambiental” diz a senadora na carta.

Portanto, Marina acredita que devemos mudar o foco da discussão. “É concenso entre todos nós de que a agricultura é um setor extremamente importante para nosso desenvolvimento e um importante setor para a promoção da inclusão social, especialmente pela reforma agrária.”

Ainda segundo a carta, temos que enfrentar o desafio de agregar sustentabilidade ambiental e social ao setor agrícola brasileiro. É necessário aumentar a produção a partir de ganhos de produtividade e ao mesmo tempo ampliar a recuperação e conservação dos biomas brasileiros.

Marina Silva, encerra a carta propondo que as discussões sobre essa temática contribuam para a construção de uma agenda estratégica para o setor agrícola brasileiro e para o desenvolvimento sustentável do país.

PALESTRAS

O evento contou com 10 palestras, ministradas por professores da ESALQ/USP, representantes do setor empresarial no setor cafeeiro, canavieiro, frigoríficos, madeireiro, cooperativista, representante do movimento dos pequenos agricultores e o diretor da SOS Mata Atlântica.

Ao final do dia, o professor Paulo Kageyama mediou uma mesa-redonda entre os palestrantes.

Veja a seguir os depoimentos de quem esteve no evento.

“Gostei muito da palestra do Frei Sérgio pela visão diferenciada que ele proporcionou demonstrando a visão do pequeno agricultor bem formada quanto a politica e as questões sociais.”

Marcel Thales

“Gostei mais das palestras do Frei Sergio e do Mario Mantovani porque eles foram mais realistas no sentido de enxergar um problema e trabalhar uma movimentação articulada em prol as questões socioambientais.”

Gabriela Mendonça

“Gostei muito da palestra do professor Ricardo Rodrigues pois ele trouxe muitos dados científicos para embasar sua fala, diferentemente dos palestrantes de setores empresariais. O Mario Mantovani trouxe um viés político, mostrando como as cosias funcionam na prática. Me surpreendeu a maturidade da discussão. Não é uma questão de extremos e de embate. O evento trouxe diferentes visões que dialogaram com argumento e respeito entre si.”

Mariane Crespolini

“Gostei da fala do Mario Mantovani, porque ele conta esse lado da política que não temos acesso em Brasília. É meio assustador o modo com que as coisas acontecem, sem profissionalismo, sem ética.”

Sabrina Bakker – Secretaria estadual de agricultura.

Jornal O Marreco perguntou:

Hoje, a principal fonte de informações para o cidadão são os meios de comunicação em massa. E existe ainda uma tímida participação social na construção e fiscalização de políticas públicas. Dessa forma, como você vê a responsabilidade dessa mídia de massa e a importância das mídias locais num processo de incentivo a participação social nas políticas ambientais?

Mario Mantovani: “Mídia é algo importante. Na mídia local temos trabalhado muito não só nos boletins informativos , mas também um trabalho muito legal nas redes sociais. Nós fizemos um abaixo assinado nas vésperas das eleições usando a avaz. Em uma semana tivemos quase 400.000 assinaturas a nossa favor e iremos retornar com a Vaz. Mesmo a entidade como a SOS Mata Atlântica utiliza o facebook. Perdemos a capacidade de mobilização social nas ruas mas as mídias sociais tem feito um papel muito legal. Não tem mais jeito de nenhum gerente empresarial não falar pelas mídias sociais. Se ele não falar, outros vão falar por ele. É um fenômeno novo que temos que explorar e por sorte as redes sociais estão com nós, isso pode representar muito nessa guerra do código florestal.”

Frei Sergio: “Nós não temos informação de qualidade na mídia. Temos muita deformação de informação. O que a mídia ensinou, a gente aprende. O que a mídia não ensinou, não aprendemos com facilidade.Precisamos que informação de qualidade da universidade, radio , jornal chegue de fato a população. Não sei muito bem como fazer isso, mas que precisamos fazer, precisamos”.

CÓDIGO FLORESTAL

Perguntado sobre a possibilidade de aprovação do novo Código Florestal ainda esse ano, Mario Mantovani disse: “ Quanto menos nos mobilizarmos mais força ele (Aldo Rebelo) terá. A intenção do Aldo era muito boa, fazer a discussão. A forma como ocorreu foi muito ruim. Estivemos com a alguns lideres, presidente da câmara dos deputados e segundo eles, bola dividida não da nesse final de ano. Estaremos na COP 16 e o Brasil tem que ter um posicionamento. O Brasil é signatário de todos os acordos internacionais, então não podem nesse momento realizar essa votação. “

Alguns palestrantes durante as palestras se posicionaram em relação a essa discussão. Diego Marsao, representando a COSAN e Daniel Furquim, representando a FRIGOL, se posicionaram a favor do Código substitutivo. Já Marcio Freitas, presidente da OCB (organização cooperativa do Brasil) se posicionou a favor de uma lei com rigor ambiental, visando a sustentabilidade, mas que seja passível de ser cumprida também por pequenos e médios agricultores. Frei Sérgio, do movimento dos pequenos agricultores, e Mário Mantovani (Diretor da SOS Mata Atlântica) são contra a substituição do Código. “Isso pode virar um desastre para o país, um desastre anunciado” disse Mantovani.

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