quinta-feira, 3 de março de 2011

A situação confortável e o carro

Por Alberto Kirilauskas

Muito se escuta sobre a importância do transporte coletivo para melhorar a mobilidade nos centros urbanos, tais posições são normalmente oriundas de pesquisadores e alguns usuários que criticam a qualidade do transporte coletivo atual e propõem a melhoria do mesmo ao invés de partir para a “solução” individual que é a compra de um automóvel. Não tratarei aqui dessa suposta solução encontrada, o veículo individual, mas sim falarei sobre quem tece as opiniões pela melhoria do transporte coletivo.

Estar numa situação de conforto e, ao perceber os impactos negativos causados há outros pelo seu conforto, criticá-la para uma melhoria coletiva, propondo nivelar a qualidade mesmo tendo de reduzir sua situação de conforto, é uma posição adotada por poucos. Ressalto que a situação de conforto a que me refiro não é somente, no caso de um mega empresário do ramo automotivo, o carro em si, mas também a situação de compartilhamento do poder, tornando as sociedades mais ativas, uma vez que uma grande força de alguns setores industriais começa a ser reduzida, outras, e desejo que muitas, começam a ocupar seu lugar.

Essa introdução a uma reflexão deve-se ao fato, da posição do Bill Ford publicada pela Folha. Mais uma vez faço um adendo: mesmo sendo uma informação rasa, a reflexão não está repousada sobre o texto apresentado, mas sim sobre a possibilidade - mesmo que atualmente distante - e necessidade de pessoas em situações confortáveis em detrimento do conforto alheio abrirem mão desse conforto. Assim, uma vez que as pessoas dos altos níveis hierárquicos da sociedade global se identificam com o movimento ambientalista, abre-se a possibilidade de se pensar numa mudança de fato nas indústrias e sociedade ao invés de apenas uma apropriação do ambientalismo para manter a mesma estrutura que vêm degradando o planeta.

Trânsito com carros verdes continua sendo trânsito, diz Ford. Fernanda Ezabella - ENVIADA ESPECIAL da Folha de São Paulo A LONG BEACH, CALIFÓRNIA 02/03/2011

Bill Ford, bisneto de Henry Ford e presidente do conselho da Ford, se considera um "ambientalista industrial" e tem duas paixões desde menino: carros e natureza. Mas foi só depois de entrar na faculdade, nos anos 70, que percebeu que as duas coisas eram conflitantes.

"Fui considerado um radical", disse Ford, sobre quando começou a trabalhar na montadora, no desenvolvimento de produtos, em 1979. "Chegaram a me chamar na diretoria e pedir para eu parar de sair com ambientalistas suspeitos."

Ford, 53, falou nesta quarta-feira no TED, evento de palestras de 18 minutos com pessoas das mais variadas áreas, que acontece até sexta-feira em Long Beach, na Califórnia.

No lugar de uma palestra corporativa, Ford discorreu sobre seus sonhos para o futuro dos carros. Quer dizer, não carros, e sim futuro dos sistemas de transporte.

"Precisamos mais do que simplesmente carros inteligentes. Precisamos de estacionamentos inteligentes, transporte público inteligente", disse. "O que realmente me inspira é o que será possível quando nossos carros começarem a conversar entre si."

Entre os diversos números que apresentou, Ford afirmou que em Pequim a média que uma pessoa passa no trânsito por dia é cinco horas, e que um trânsito de 160 quilômetros levou 11 dias para terminar na cidade.

"Um trânsito de carros verdes continua sendo trânsito. A solução não é criar mais estradas ou carros inteligentes. Mas sim uma rede de soluções global", disse Ford.

O executivo também afirmou que, em 2050, haverá entre 2 e 4 bilhões de carros no mundo, o que causará problemas sérios como transporte de alimentos.

"Eu costumava me preocupar em vender mais carros e caminhões. Hoje eu me preocupo por vender apenas carros e caminhões."

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