domingo, 13 de março de 2011

Neoliberalismo + cultura de mídia empresarial = despolitização profunda e completa: a gigante News Corporation

Por Rachel Trovarelli

Fiquei extremamente paralizada (pra não dizer assustada), quando recebi um email semana passada que dizia que Rupert Murdoch havia feito uma proposta para comprar quase metade da mídia britânica.

Quem é esse tal de Rupert Murdoch? Seja quem fosse, não "cheirava" bem alguém querer comprar metade da mídia britânica assim do dia para a noite. O email fomentava um abaixo assinado para pressionar o governo local a intervir na compra. "O controle sobre a mídia britânica irá expandir massivamente a influência de Murdoch em enfraquecer esforços globais pela paz, direitos humanos e o meio ambiente. O Reino Unido está em pé de guerra sobre a aquisição de Murdoch e até o governo aliado de Murdoch está dividido ao meio, mesmo há horas de terem que tomar uma decisão. (...) Vamos gerar um chamado global contra Rupert Murdoch. Assine a petição para os líderes do Reino Unido."
O email ainda dizia sobre a utilização de grandes difusoras de informações nos Estados Unidos para eleger líderes do país nas eleições do Congresso norte-americano em 2010.

Enfim, fiquei com a pulga atras da orelha e resolvi fazer uma breve investigação.

Encontrei algumas informações bem relevantes no livro "Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder." org. Denis de Moraes da Editora Record, 2003. Um dos capítulos deste livro, escrito por Robert W. Mcchesney, explica que o mercado de mídia globla é controlado por sete multinacionais, são elas: Disney, AOL-Time Warner, Sony, News Corporation, Viacom, Vivendi e Bertelsmann. Destas empresas, três são norte-americas. Rupert Murdoch é o presidente da News Corporation. Segundo Mcchesney" a News Corporation pode ser a locomotiva global mais agressiva, embora seja dora a concorrência com a Sony, Bertelsmann ou AOL-Time Warner. Murdoch tem serviços de TV por satélites que cobrem da Ásia à Europa e à America Latina. Sua Star TV predomina na Àsia, com trinta canais em sete idiomas. O serviço de televisão da News Corporation na China, a Phoenix TV, com participação de 45%, chega hoje a 45 milhões de lares e teve um aumento de 80% da receita publicitária em 2000. E mal começamos a descrever todo o portofólio patrimonial da News Corporation: filmes da Twentieth Century Fox, rede da TV Fox, editora HarperCollins, estações de TV, canais de TV a cabo, revistas, mais de 130 jornais e times esportivos profissionais." A multinacional é detentora, ainda, da rede social My Space, da empresa de tecnologia de educação Wireless Generation, da Avon Communication, empresa de sistema de comunicação eletronica que possui produtos e serviços para fins civís e militares, entre muitas outras.

A explicação convencional para isso, segundo o mesmo autor, são os avanços radicais na tecnologia de comunicação, aliado ao crescimento da globalização. Mas a verdadeira força motriz é a busca incessante de lucro que marca o capitalismo. "Na mídia, isso significa o relaxamento ou a eliminação de barreiras à exploração comercial e à propriedade concetranda de meios de comunicação."

Na Nova Zelândia, o quadro parece ser ainda mais grave. Grande parte da industria jornalística é controlado por Murdoch e pelo irlândes Tony O'Reilly, que domina a rádio comercial do país e possui participação no ramo editorial. Murdoch controla a televisão paga.

Na Grã Bretanha, uma das únicas editoras independentes, a Fourth Estate, foi vendida para a HarperCollins em 2000. Recentemente, em fevereiro de 2011, News Cop adquiriu a Shine Group, líder mundial de produção de conteúdo para televisão. A Shine foi fundada à 10 anos por Elisabeth Murdoch, filha de Rupert. Essa foi a maneira que o magnata encontrou de aproximar seus filhos do controle da News Corporation. As ações da empresa na Àsia e na Europa são chefiadas por James Murdoch, filho mais novo. No ano passado, a receita da News Corporation chegou a 33 bilhões de dólares.

Segundo Mcchesney,"o sistema de mídia global só é parcialmente competitivo, em qualquer sentido econômico do termo. Várias entre as maiores empresas do setor têm acionistas comuns, possuem partes uma das outras ou têm diretorias que se sobrepõem. (...) Dessa maneira, resuzem a concorrência e o risco e aumentam a possibilidade de lucro."

Qual o problema de tudo isso? Manipulação. Sim, formação de opinião em larga escala e rapidamente. Isso tudo sem nem entrar na questão da publicidade, que vende um estilo de vida, hábitos, gostos e o consumismo exacerbado, mantendo as grandes multinacionais capitalistas, prejudicando - pelo menos - o meio ambiente e aumentando a desigualde social."Nos Estados Unidos, os lobbies das corporações de mídia são famosos por sua capacidade de conseguir o que querem com os políticos.(...) as corporações têm a vantagem adicional de controlar os próprios meios de comunicação, que seriam os veículos nos quais os cidadãos esperariam encontrar críticas e discussão de políticas de mídia numa sociedade livre." (Mcchesney)

Indignada com as minhas descobertas, após alguns dias, fui pesquisar se a News Corporation havia conseguido comprar quase metade da rede de TV do Reino Unido. Segundo a Folha de São Paulo, em seu canal virtual, em três de março: "Reino Unido aceita compra da rede de TV por Rupert Murdoch." A vítima foi a British Sky Broadcasting. Pelo menos - segundo a reportagem - o Partido Trabalhista, oposição, está preocupado com o caso. Segundo eles: "a liberdade democráticas e a independência da imprensa estão sendo minadas."



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