domingo, 27 de março de 2011

Uma breve reflexão sobre a atualidade

            Por Rachel Trovarelli
             Vivemos num mundo em crise.  Uma fase de grandes turbulências – pelo menos – nos âmbitos econômico, ambiental e social. Essas esferas estão diretamente interligadas. Um desequilíbrio em uma delas, afeta o todo.
            No âmbito econômico vivemos uma economia capitalista, baseada na escassez. A escassez de recursos é evidente: faltam recursos pra parte da população. Para algumas pessoas, falta comida. Para outras moradias, emprego, saneamento básico, entre outras necessidades básicas para nos mantermos em uma situação mínima para sobrevivência.
            Segundo Juarez Rizzieri, na obra de Pinho e Vasconcelolos (1998 : 12), citada em Consciência e Abundância de Paulo Roberto Silva (2009): “Em economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade.”
            É claro que se o objetivo é produzir o máximo de bens e serviços a partir de recursos escassos, os recursos irão acabar. A economia deveria produzir apenas o suficiente para atender toda população. Parece óbvio, mas para os grandes empreendedores esse raciocínio é algo inimaginável.
                Assim, os gestores das grandes empresas buscam maximizar sempre o lucro máximo. Para isso é interessante que haja escassez, pois verifica-se um aumento nos preços dos produtos e serviços. Porém, um alto custo para bens e serviços são inacessíveis para uma grande parte da população mundial, e aí então entramos na crise social.
            Pessoas passando fome, sede e sem moradia minimamente adequada, parecem ser cada vez mais comuns no planeta. A desigualdade social no mundo é gigantesca. Para alcançarmos a felicidade, segundo alguns autores e citado por Susan Andrews, podemos nos basear na seguinte fórmula:

F = G + C + A.V.              sendo que,
 F = felicidade
 G = genes
 C = condições de vida ,e
A.V. = atividades volitivas
            Desse modo, as condições de vida são um fator essencial na busca da felicidade do indivíduo. É claro, que não podemos reduzir um conceito tão amplo de felicidade apenas a essa fórmula. Existem outras variáveis que podem interferir. Felicidade é um conceito subjetivo. Mas podemos adotar, neste caso, como um estado na qual, há grandes quantidades de emoções positivas mantidas pelo maior tempo possível e baixa quantidade de emoções negativas.
            Condições básicas de vida são essenciais para o sentimento de bem-estar que todo indivíduo busca. Como alcançar isso para toda população terrestre numa economia baseada pela escassez? Temos, de fato, uma crise social.
            Os conflitos ambientais estão em alta nos dias de hoje. São super diversificados, interdisciplinares e próximos aos olhos de cada um. Sendo genérica, podemos falar em tensões ambientais a partir de uma economia baseada na exploração de recursos naturais e humanos de forma predadora e ofensiva. A partir dessa exploração desenfreada começam a surgir diversos problemas em áreas totalmente diferentes, porém interligadas. Podem ainda ser em âmbito local, regional ou global. Essas dificuldades ambientais são agravadas pela falta de ética, de informação/conscientização ou ainda, pela falta de iniciativa.
Segundo Paulo Roberto Silva, no livro Consciência em Abundância, 2009, “acreditar que todos nós podemos ser avaros e egoístas e que virá algo sobrenatural para ajustar as conseqüentes imperfeições nos parece o pior sentido de misticismo, dogma religioso ou esquizofrenia. Portanto, se nossa verdadeira intenção consiste em preservar a capacidade de sobrevivência na Terra e viver num mundo mais pacífico e justo, devemos orientar nossas decisões cotidianas pelas virtudes; logo por uma teoria econômica diferente da predominante.”
            O que há de comum nesses três setores em conflito? Todos possuem como causa emoções/sentimentos pessoais de cada ser. Seja a ambição ou o egoísmo dos bilhonários gestores de grandes empresas, seja a busca pela felicidade, ou ainda a falta de ética e de iniciativa que mantém este sistema. A inércia que o mundo vive, acredito ser, uma das maiores dificuldades a ser combatida.
            Para quebrar esse ciclo, não vejo saídas a não ser a conscientização e mobilização de pessoas. E aí que entra a educação ambiental. Claro que existem medidas mitigatórias, como técnicos ambientais, auxílios sociais, entre outros, mas a conscientização de pessoas é a solução definitiva, a longo prazo.
            Segundo Carlos Rodrigues Brandão em EA: uma vocação entre outras da educação, temos que “uma de suas contribuições mais importantes é que a educação ambiental trouxe muito mais do que idéias sobre o respeito à natureza. Ela incorporou uma longa luta pelos direitos humanos, direitos da vida. Ela está longe de ser apenas outra matéria escolar, é uma nova energia na educação, se associa a novas visões de ciência, de filosofia, de religiões e espiritualidade.”
            A educação ambiental, assim como o meio ambiente, é transdisciplinar, ou seja, permeia as diversas áreas. Não há como isola-la e trabalhar de forma independente, afinal estamos falando do ambiente em que as outras áreas estão contidas. O ideal é que a educação ambiental fosse intrínseca dos seres humanos e presente em qualquer atividade que estes desenvolvessem.
            Hoje as principais dificuldades de trabalhar com educação ambiental, segundo Sorrentino, 1997, são a grande dimensão e a diversidade do Brasil, e a falta de tradição de comunicação entre as pessoas que trabalham nesta área. Porém, percebe-se que desde a Rio 92 há uma multiplicação dos trabalhos de Educação Ambiental, de financiamentos e parcerias no campo.
            Ser um educador ambiental não envolve apenas o domínio de conceitos relacionados ao meio ambiente. É um processo longo e contínuo que deve despertar no “estudante” nobres valores, como respeito, compaixão e humildade. Esses valores ele deverá aplicar também em outros sentidos de sua vida. Assim, a educação ambiental atua num processo transformador e até mesmo de auto conhecimento.
            Conceitos biológicos, políticos, culturais e econômicos são essenciais em todo este processo. É a partir desse conhecimento, juntamente com a conscientização ética, que se tem uma visão crítica para fomentar mudanças.
            A organização social possui uma força gigantesca, se bem articulada. “Agindo localmente, pensando globalmente e trabalhando-se interiormente” são demandas e desafios que podem fomentar um processo transformador da realidade que vivemos.

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