sábado, 17 de abril de 2010

A MONOCULTURA DA SOJA NO BRASIL



Por Andrea Abdala

Um assunto polêmico. No entanto não pensamos muito a respeito, uma vez que já faz parte da nossa vida, do nosso corpo, já está dentro de nossas células. Outro dia, uma reportagem em um jornal de grande circulação do estado de São Paulo anunciava: o Brasil é agora o segundo maior produtor de sementes transgênicas do mundo! Só perde para os EUA, o jornal dizia, tristemente.
Uma observação curiosa, que notei quando escrevia: nem a Microsoft reconhece a transgenia, o Word desconhece esta palavra. Bom, se uma corporação deste porte não sabe o que é transgênico, “quem dirá” nós, meros consumidores.
Para não entrar no mérito dos possíveis malefícios dos transgênicos à saúde, uma
vez que documentos críticos – como “O mundo segundo a Monsanto” – podem retratar melhor, podemos nos focar em outras questões de maior interesse na área ambiental.
Tratando-se de Brasil, tem-se a soja como carro-chefe, já que, em termos de PIB,
hoje representa 11,5% dos 42% gerados pelo agronegócio. É o principal exportador
de soja desde 2003, sendo que a grande maioria dos grãos é destinada à alimentação de porcos, galinhas e gado. A indústria da soja é bilionária. Estima-se que, em 2003, cerca de US$ 84 bilhões teriam irrigado os negócios de sementes, agrotóxicos, fertilizantes, máquinas, implementos, combustíveis, transportes, armazenagem, seguros, intermediações financeiras, processamento, embalagens etc. Deste montante, cerca de 2 bilhões seria destinado a fungicidas no controle da ferrugem da soja.
Qual a quantidade de químicos que este dinheiro representa? Representa a contaminação do solo, da água, perda de florestas, de biodiversidade, mudança no clima, nos ciclos, nas funções ecossistêmicas. E o mais interessante é que não se trata de uma representação simbólica. Trata-se da representação de um fato, que
vem ocorrendo, cada vez mais intensamente, nas terras brasileiras.
Já que o foco são as questões ambientais, não vou me aprofundar relatando mais sobre o agronegócio, baseado nos grandes latifúndios que concentram 70% das terras na mão de nem 10% dos agricultores... E para não citar toda a configuração do espaço agrícola brasileiro que, se uma cultura ocupa um lugar que era antes ocupado por outra, aquela que foi obrigada a mudar de lugar terá que, necessariamente, segundo a lógica do agronegócio, abrir novas fronteiras agrícolas, restringimos o raciocínio à cultura da soja e a problemática ambiental.

A soja está, majoritariamente, ocupando o Cerrado brasileiro. Essa fronteira abrange
regiões do Centro Oeste, Norte e Nordeste, em Estados como MT, TO, MS, GO, BA, PI, PA, RR e RO. A produção de soja brasileira nos cerrados passou de 2%, nos anos de 1970, para 20% nos anos de 1980, 40% nos anos de 1990 e na safra 2002/2003 foi 60% do total da safra, com uma produção de 15 milhões de toneladas, sendo o Estado do MT o maior produtor brasileiro; depois vem o PR com uma produção de 10,9 milhões de toneladas, e o RS, com 9,6 milhões de toneladas. Segundo a Embrapa, o Brasil tem um potencial de 50 milhões de hectares só no cerrado, que podem ser utilizados para a produção de grãos.
A partir daqui, podemos refletir um pouco sobre a agricultura em nosso país. Que tipo de agricultura estamos praticando, se não é a favor da conservação, se não é a favor dos brasileiros, é para quem?

Um comentário:

  1. gostaria de saber qual é a maior monocultura do brasil para meu trabalho de escola... obrigado

    ResponderExcluir