sábado, 17 de abril de 2010

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE


“UMA NOVA PERSPECTIVA PARA PENSAR E ENTENDER POLÍTICA”

Por Fabricio Zambon

“ O ser humano é um animal político”; disse certa vez Aristóteles. Talvez não com essas palavras, mas o fato é que desde então política faz parte do vocabulário das mais diversas línguas e culturas humanas. Empregamos o termo freqüentemente, mas será que de fato sabemos o que ele quer dizer? Normalmente usamos política para designar o que os administradores das Nações fazem, mas sabemos o que eles fazem? E quanto a nós; não somos também seres humanos? Não seríamos nós também políticos?
O termo política, pensado por Aristóteles, tem o sentido de denominar o ato de governar, ou definir rumos para uma sociedade. Política era nesse contexto a forma de administrar o bem público, guiar o grupo humano para a felicidade coletiva. Mas Aristóteles também falava de política como algo para os indivíduos em sua busca particular por felicidade... Política é de fato algo que ocorre nessas duas diferentes esferas da vida social; a vida privada e a vida coletiva. Façamos assim. Antes de pensar nos governos e governantes, vamos começar pensando nos indivíduos “comuns” para entender o que é fazer política.
Todos nós interagimos o tempo todo com outras pessoas em nossas sociedades complexas, e com nossas ações geramos influência nas outras pessoas, seja individualmente ou em grupos não é mesmo? É disso que se trata política, e é disso que se trata a afirmação do antigo filósofo grego com que começa esse texto. A forma como somos, é capaz de gerar muitos desdobramentos para quem nos circunda, e assim para nós mesmos. Por exemplo: Em um grupo de amigos, um garoto resolve aprender a tocar guitarra. Com essa atitude ele exprime um desejo e um gosto, e com isso ele pode despertar o interesse dos outros garotos para a música, e esses podem começar a tocar instrumentos. Talvez até montem uma banda juntos no futuro, a depender de outras ações e fatos no decorrer do tempo. Dessa forma, começar a tocar guitarra foi uma atitude política, ou seja, gerou influência em outros indivíduos para que mudassem em algo. Agora façamos o exercício de imaginar uma cadeia de eventos que decorre disso. Ao final de tudo, talvez essa banda fique famosa em um país inteiro, e suas músicas influenciem milhões de pessoas para tomar atitudes decisivas para seus futuros individuais e coletivos.
Acontece que nesse caso, o ato político foi involuntário a princípio, e aconteceu a partir do “tocar guitarra”. Em outros casos, a política acontece a partir de outros tipos de ações como a fala. Uma conversa que trás diversos pontos de vista sobre um tema é política em certa medida, pois os pontos de vista diferentes tendem a influenciar o conceito de cada indivíduo sobre a questão em pauta, e com isso todos podem mudar atitudes futuras com base em uma nova interpretação sobre o que foi debatido. Com isso, fica fácil compreender que política é uma coisa que fazemos sempre, que direciona mudanças nas pessoas e grupos de pessoas. Às vezes a fazemos por querer, às vezes sem querer, mas tudo começa com uma ação, seja ela qual for. Pois bem! Caminhemos agora para uma outra esfera.
Para além das nossas vidas cotidianas, há grupos de pessoas que gerem as nossas cidades, estados, países etc. Isso! Os políticos! Mas se política é geração de influência individual e coletiva, o que fazem os tais dos políticos? Eles fazem que tipo de política se não estão em contato com todas as pessoas que eles administram sempre? Ai que tá! Eles precisam de outros instrumentos (ações), mais elaborados, para fazer seu trabalho. E quais seriam esses instrumentos (ações)? Bem, podem ser vários. Desde leis, até programas, planos, projetos ou simples intervenções como um comício antes de eleições. Bastam pensar. As leis não são formas de gerar influência nas sociedades que as utilizam? Costumamos obedecer às leis e nos comportar conforme elas determinam. Já os programas, planos e outros instrumentos são hierarquias diferentes para descrever conjuntos de ações e/ou projetos que são implementados na tentativa de mudar os rumos das pessoas para certas direções planejadas, porém, de forma processual, ou seja, pouco a pouco. Quanto às leis e outros instrumentos que permitem influência à grandes grupos de pessoas, – cidades e até países – podemos dizer que são instrumentos de políticas públicas, pois se referem ao público, ou seja, ao comum entre as pessoas.
Com tudo, não subestimemos a capacidade individual de fazer política. Em certa medida, somos todos responsáveis pelos caminhos de todos que vivem ao nosso redor. Como percebemos, todos fazemos política a partir de diferentes instrumentos. Somos todos capazes de construir mudanças a partir da influência que temos nas outras pessoas. Somos todos potencialmente agentes transformadores da realidade socioambiental em que estamos inseridos. Tudo que fazemos pode resultar em um efeito dominó. Se tivermos vontade, podemos ir além da política involuntária do “tocar guitarra”. Podemos participar de espaços de decisão pública, como associações de bairro, por exemplo. Podemos falar, formular projetos, e tentar realizá-los em nossas casas, bairros, enfim. Podemos utilizar diversos instrumentos para fazer a nossa política. Quanto mais abrangente ela for em número de pessoas afetadas, mais pública ela será. Mas como definir nossa política?
Basta que olhemos para dentro e vejamos o que nos move nesse mundo. O que queremos para ele. Quando definimos isso, definimos em que direção queremos caminhar, A partir daí, tudo, ou quase tudo que fizermos, estará ligado à esse objetivo de vida, e estaremos gerando influência para que isso se realize. Isso é definir a política de vida. Daí então definimos com que instrumentos queremos trabalhar para promover essa política. Alguns apenas falam sobre suas idéias e as partilham em uma mesa de café em família. Outros fazem grandes obras e projetos. A verdade porém é que a maioria das pessoas não para pensar em sua política para a vida, e acaba se perdendo em meio às curvas do caminho. Convido a você leitor, assim como a mim, para esse profundo mergulho no “EU” para descobrirmos nossa verdade e começarmos a construir nossa realidade, desde o emprego que queremos até os amigos que buscamos. E quem sabe um dia estaremos lá nós, debruçados sobre o horizonte olhando para o mundo que construímos.
A humanidade caminha também com os nossos passos. Definamos então em que direção queremos guiar os nossos pés, e veremos onde chega a humanidade.

Um comentário:

  1. Fantástico!!
    Nunca li algo mais didático que isso sobre política, parabéns.
    Aliás, seria fundamental ter algumas aulas de políticas públicas ambientais, pelo menos, no curso de GA. Temos que estudar mais esses assuntos, temos responsabilidade de acompanhar isso como estudantes, profissionais e cidadãos acima de tudo! Chegamos a criar em 2006 um grupo de discussão de políticas públicas ambientais (eu e Lesado) que não foi pra frente, mas acho que o Lesado chegou a criar uma ementa e bibliografia para uma disciplina desse tipo.
    Espero que no futuro o curso evolua em mais esse ponto.
    Abraços! Berlus-k

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