segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pequenas ações

Por Alberto Kirilauskas

Sobre as pequenas ações que realizamos no campo ambiental repousa uma racionalidade, uma forma de se pensar que legitima o que fazemos. É partindo dessa premissa que faço uma análise do nosso comportamento ambiental (denominação apenas para enfatizar um dos aspectos da questão ambiental) do cotidiano. Esse comportamento do cotidiano são as ações que muitas vezes são ditas como salvadoras do ambiente, veicula-se que não devemos jogar o lixo nas ruas para evitar enchentes; que não devemos deixar a torneira aberta para não faltar água; que devemos não utilizar sacolas plásticas para resolver boa parte dos problemas de animais marinhos que comem plástico e dos aterros. Os exemplos citados possui outros aspectos que algumas vezes os meios de comunicação abordam com maior profundidade, mas o que desejo tratar aqui não é essa questão, da cobertura midiática. O objetivo central aqui é refletir sobre a eficácia dessas pequenas ações que realizamos ou não.

Separarmos o lixo reciclável traz diversos benefícios, mas muitos apontam que o “reduzir” dos três R’s deve ser o foco, assim, deveríamos agir mais dentro do nosso comportamento consumista. Concordo e endosso o coro. E por outro lado, não totalmente em sentido oposto, estão aqueles que afirmam que a coleta seletiva, quase que exclusivamente, será capaz de solucionar os problemas dos resíduos no país. Então, quando separamos nossos resíduos em casa, será que realmente mudaremos o mundo? Com essa e algumas outras pequenas ações construiremos um mundo melhor? Acredito que não. Discordo da frase “se cada um fizer sua parte construiremos um mundo melhor”, apesar de considerar que bem no fundo ela tem componentes importantíssimos, porém considero sua utilização inapropriada em muitos momentos. Mesmo acreditando que não construiremos uma sociedade mais harmoniosa ambientalmente, realizando essas pequenas ações, preciso destacar um aspecto que considero extremamente importante que muitos dos que acreditam nas mudanças estruturais do sistema (Enfatizo a necessidade dessa mudança estrutural) parecem não observar. Estes são aspectos psicológicos do agir em prol de outros e de si, e de alguma forma abrir mão de uma situação de conforto para tal.

Falar em abrir mão de uma situação confortável numa sociedade tão ligada com o conforto individual em detrimento, em muitas vezes, da situação adequada de tantos, é importante, mesmo que essa ação seja ínfima diretamente para o ambiente, todavia, indiretamente, num longo prazo, numa possibilidade de mudança social, esse aspecto psicológico favorecerá uma abertura maior para novas idéias, ou até mesmo essa mudança hoje poderá gerar, dependendo das atividades e outras reflexões de cada indivíduo, propostas de melhoria ambiental profunda da casa, do bairro ou da cidade.

Desta forma, entendo que as pequenas ações geram pequenos resultados diretos de redução dos impactos ambientais, apesar de, como dito acima, no fundo, boa parte das ações serão individuais mesmo, como a participação política, por exemplo. Todavia, as pequenas aberturas psicológicas, acredito ser o principal resultado dessas pequenas ações, onde, se estimulada para tal, as mentes de todos nós, poderão se tornarem mais críticas, favorecendo a construção conjunta de um novo modelo de sistema que favoreça as relações harmoniosa entre todos os seres deste planeta.

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