domingo, 30 de janeiro de 2011

A esquizofrenia do espaço.

Por Alberto Kirilauskas

Através das tecnologias da informação e a evolução dos meios de transportes, alterou-se a noção de espaço. Observa-se hoje que o mundo está cada vez mais conectado tanto no que tange a difusão de culturas, saberes, informações etc., quanto no tráfego de mercadorias. Essa difusão das coisas fez com que diversas regiões pudessem ter acesso, ao menos em parte, do que é produzido no mundo, todavia, nesses mesmos lugares observa-se uma crescente marginalização da população local. Para Milton Santos, “o território tanto quanto o lugar são esquizofrênicos, porque de um lado acolhem os vetores da globalização, que neles se instalam para impor sua nova ordem, e, de outro lado, neles se reproduz uma contra-ordem, porque há uma produção acelerada de pobres, excluídos, marginalizados.”

Visto que as sociedades possuem estreitas relações com o meio natural, esses vetores da globalização afetam diretamente a qualidade ambiental do local, aumentando a extração de recursos: conseqüentemente o maior descarte desses resíduos que contaminam as águas, os solos e o ar. Assim, a contra-ordem existirá porque as ações que estão degradando estão vindo de cima para baixo (“de fora do lugar”), onde a ponderação das particularidades dos povos que vivem “dentro do lugar” possuem menores pesos. Com essa argumentação não se objetiva dizer que as atividades produtivas “de dentro das” regiões não geram degradação no meio, mas sim que a atividade produtiva de tais lugares acolheram vetores da globalização e se tornaram fontes para a acumulação de Capital.

Esse contraditório existente nos lugares contribui para existir a “filosofia banal” que é comum a todas as pessoas que é de não autonomia das ações e resultados. Se elas que vivem num local fazem suas atividades devido a uma intervenção externa “superior”, é entendível o motivo pelo qual se instala essa “filosofia banal”. Todavia parece interessante pensar que o reconhecimento é o primeiro passo para a mudança. Para Milton Santos, esse reconhecimento (consciência), pode fazer com que os indivíduos busquem soluções individualistas e imediatistas, ao invés de buscar as soluções duradouras e modificadoras da realidade. Assim, para que se ultrapasse essa busca por alternativas individualistas, é necessário considerar “a existência como algo unitário e verdadeiro, mas também como um paradoxo: obedecer para subsistir e resistir para poder pensar o futuro.”.

Próxima postagem: Quarta feira 02 de fevereiro.

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