domingo, 23 de janeiro de 2011

A esquizofrenia do tempo

Por Alberto Kirilauskas

Com os avanços das técnicas de informação no final do século XX, criou uma “convergência dos momentos”. Para Milton Santos, “a unicidade do tempo não é apenas o resultado de que, nos mais diversos lugares, a hora do relógio é a mesma. Não é somente isso. Se a hora é a mesma, convergem, também, os momentos vividos.” Isso faz com que se viva constantemente o tempo presente. Oculta-se a continuidade do tempo, que é composto por passado, presente e futuro. A ênfase no presente torna o passado como algo desconexo da vida da sociedade e as possibilidades do futuro fogem ao campo de visão. Assim, discursos que argumentam sobre o “fim das utopias”, ou discorrem sobre a necessidade de se viver o presente sem planejamento, um “carpe diem” descontextualizado, estão presentes nesse momento da história.
Para Marilena Chauí “há uma adesão à descontinuidade e à contingência bruta, pois, ao perdermos a diferenciação temporal, não só perdemos a profundidade do passado, mas também perdemos a profundidade do futuro como possibilidade inscrita na ação humana enquanto poder para determinar o indeterminado e para ultrapassar situações dadas compreendendo e transformando o sentido dela.”
Desta forma o reconhecimento da continuidade do tempo é importante para que se consiga, ao menos em parte, entender o passado, o presente e se possa pensar e construir o futuro.

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