sexta-feira, 11 de junho de 2010

Desastres Ambientais

Por Rachel Trovarelli


Nas últimas décadas, o mundo tem se deparado com diversas catástrofes ambientais. Podemos listar algumas delas como o grande vazamento de petróleo no Alasca, em 1989; o derrame na costa da Galícia espanhola, que até hoje tem graves consequências na pesca européia. Ou o chamado desastre de Bhopal, quando o vazamento de 20 toneladas de pesticida numa indústria na Índia matou 20 mil pessoas e deixou 150 mil com graves doenças. Esses são alguns exemplos de grandes tragédias que obtiveram certo destaque na mídia na época. Porém, no corre-corre do dia a dia, nos esquecemos das toneladas de lixo a céu aberto que contaminam o solo e corpos d’águas, ou então, as toneladas de esgotos que são lançados todos os dias nos rios brasileiros e em diversos outros lugares do mundo. Não queremos julgar se esses últimos descasos ambientais citados devem ter maior ou menor importância que as “grandes tragédias” nas políticas públicas ou socioambientais, porém aparenta ser algo na qual estamos acostumados, e portanto não ficamos tão chocados quando como vemos um acidente ambiental de grande magnitude.


Recentemente, assistimos perplexos aos esforços da companhia petrolífera britânica British Petroleum (BP) em conter o violento vazamento de petróleo no Golfo do México. Tudo começou no final de abril, com uma explosão no poço de perfuração e em pouquíssimo tempo já começava o vazamento e as tentativas (sem sucesso) para contê-lo. Até agora, é impossível dimensionar quantos litros de óleo (estima-se algo em torno de 80 milhões a 170 milhões) e quanto dinheiro foi “afogado” no acidente. Atualmente, uma operação da BP tem conseguido reter 1,7 milhão de litros de óleo por dia, porém o vazamento ainda continua e logo poderá ser o pior da história.

Foto:Nasa/AP

Este tipo de acidente, de imensurável dano ao ambiente, traz a tona a discussão em relação à contabilidade ambiental das empresas. É algo pouco desenvolvido e que precisa de muito estudo e trabalho para que se alcance resultados efetivos. Existem alguns tipos de Balanço Ambientais sugeridos, na qual, algumas empresas seguem o modelo para divulgação da sua relação com o meio ambiente, como Eco-Management and Audit Scheme (EMAS), e Global Reporting Initiative – GRI. Este último é o modelo adotado pela empresa Natura Cosméticos. Atualmente, no Brasil, nenhuma empresa é obrigada a demonstrar sua relação com o meio ambiente. Trata-se de uma “faca de dois gumes” para as entidades: A informação pode ao mesmo tempo beneficiar (caso demonstre sua preocupação e ação relativas à qualidade ambiental) e/ou prejudicar a empresa (caso sejam ressaltados seus aspectos negativos).


É importante ressaltar a importância dos passivos ambientais na hora da compra, fusão, cisão, incorporação e etc de empresas. Podemos citar o caso em que a Rhodia, atuante no setor de químicos, decidiu em 1976 adquirir as instalações de outra empresa no município de Cubatão. Após concluída a operação, verificou-se que também havia adquirido gigantesco depósito de lixo químico, que exigia tratamento, pois corria o risco de inviabilizar a continuidade operacional e a interação com a comunidade. Ainda sofre conseqüências e já teve a unidade interditada pelos órgãos responsáveis. Estimam-se gastos superiores a US$ 20 milhões.


Recentemente, o presidente russo, Dmitri Medvedev, tem discursado sobre sua preocupação em relação aos grandes desastres ambientais e pretende propor na próxima reunião do G-20, no final do mês de junho, a criação de um fundo internacional que preste uma assistência nesses (catastróficos) eventos, além de fortalecer a legislação mundial na área. Veja o artigo na íntegra divulgado no Ambiente Brasil em 7 de junho.


Rússia propõe fundo internacional contra desastres ambientais


O presidente russo, Dmitri Medvedev, pediu neste sábado que as potências econômicas mundiais considerem criar um fundo global para abordar desastres ambientais de grande escala, como o derramamento de petróleo no Golfo do México.
“Talvez nós devêssemos considerar criar um fundo global para ter mais segurança frente a esse tipo de risco (ambiental)”, disse o presidente no blog oficial do Kremlin.
Medvedev disse que espera levantar a questão na cúpula do G-20, no Canadá, no final de junho.
A Rússia acompanhou de perto a reação da BP ao derramamento, em parte porque 25% da produção total da gigante britânica vem da joint venture TNK-BP, com sede em Moscou.
O vice-primeiro-ministro russo, Igor Sechin, disse neste sábado que o país implementará exigências mais rígidas de segurança para produtores de petróleo após o vazamento da BP, considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Medvedev também pediu pela criação de uma nova estrutura legal para lidar com desastres dessas dimensões.
“Nós precisamos implementar uma estrutura moderna de lei internacional nessa área, talvez na forma de uma convenção de vários acordos que abordem as questões que surgem em desastres como o do Golfo do México”, escreveu.
Líderes do Grupo das 20 nações desenvolvidas e emergentes vão se reunir em Toronto nos dias 25 e 26 de junho.


Talvez mais efetivo que um fundo internacional de apoio aos grandes acidentes ambientais, seja interessante uma política de prevenção desses eventos e para isso uma alternativa pode ser o fortalecimento da lei, aplicando multas severas e investindo esse dinheiro no desenvolvimento da contabilidade ambiental, tecnologias mais eficientes e trabalhos de educação ambiental.

Fontes consultadas:
RIBEIRO, M.S., Contabilidade ambiental – cap 2
Ambiente Brasil – (http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/06/07/55693-russia-propoe-fundo-internacional-contra-desastres-ambientais.html)

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