quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma leitura do texto O que é cidade da Raquel Rolnik.

Por Alberto Kirilauskas

A cidade pode ser definida como um local físico modelado pelo ser humano onde se aglomeram pessoas e as suas diversas formas de manifestações culturais, espirituais, filosóficas, econômicas etc. Segundo a autora a cidade pode ser tratada como um imã. Isso ocorre devido ao fato dela ser um centro, onde as partes periféricas tendem a ir ao torno dela, ou seja, o perímetro rural aproxima-se do urbano até ser engolido pela cidade e se tornar um único corpo. Esse aspecto de expansão da cidade até o campo não necessariamente é físico, mas pode ser de outras formas, por exemplo, as relações econômicas de definição de preços pela cidade e a produção pelo campo.
            Segundo a autora a centralização de poder nas cidades tem se tornado descentralizada espacialmente e centralizada no que tange o poder. Devido ao fato da técnica da informática pôde-se criar centros de poder que, independentemente do local que um cidadão esteja, ele está subordinado a uma estrutura de poder. Isso ocorre quando se compra um produto, se faz um empréstimo etc. Assim, hoje e me parece uma tendência que o poder se tornará cada vez mais centralizado com o cruzamento dos dados obtidos através de diferentes bancos de dados.
            Com a atração das pessoas pelas cidades, começou-se a se ter uma alta densidade demográfica, com isso aumentou-se as possibilidade de trocas entre eles. Desse momento se tornou mais clara a divisão entre campo e cidade, e dentro da cidade teve-se um outra divisão, a divisão do trabalho. Onde os pertencentes as cidades começaram a se especializar, com isso se consumou a necessidade de trocas para se obter produtos que não se produzia, assim, o mercado começou a ganhar bases e dimensões dependendo do perímetro de influência da cidade.
            No início do processo de urbanização as atividades produtivas estavam intimamente ligadas aos locais dormitórios. Assim, a separação espacial, em termos de cidade, não existia, pois os aprendizes moravam junto com seus mestres, ou seja, “estruturas hierárquicas” distintas ocupando o mesmo lugar, vale ressaltar que havia uma segregação elevada, todavia ela não era espacial, mas sim de vestimentas, hábitos etc. A partir da mercantilização da sociedade, crescimento populacional e ao aparecimento do Estado moderno, se criou uma segregação espacial, destinando a força produtiva para as periferias e concentrando a nobreza nas regiões centrais.
            O poder urbano na cidade capitalista se dá através do Estado. O Estado por sua concepção deve intervir na sociedade a fim de que se gerencie a cidade da melhor maneira possível, visando à qualidade de todos os seus cidadãos. Entretanto o que se observa no atual modelo de sociedade adotado, é que existe uma divisão nas atividades do Estado, onde ele prioriza determinados setores da sociedade. Utiliza-se técnicas e seu aparato a fim de beneficiar um grupo que está mais ativamente, através de lobbies, direcionando as políticas públicas.
            Com um excedente populacional oriundos de diversas regiões do entorno nas cidades, regiões interioranas. Crio-se uma massa de pessoas que estão dispostas a trabalhar nos centros urbanos. Devido as contradições existentes nas cidades, onde há um beneficiamento de poucos em detrimento de uma massa, existe uma condição de degradação das pessoas que formam essa massa disposta a trabalhar, assim, a industria com sua necessidade de força de trabalho se apropria de uma parte dessa massa e a utiliza para produzir, mesmo com os direitos trabalhistas adquiridos, de uma forma a obter o maior beneficio financeiro.
            Dentro da nova noção de espaço é fundamental pensarmos se o raio da mesma racionalidade que usurpou os bens naturais em prol de um modelo insustentável irá se expandir conjuntamente com as áreas relativamente urbanizadas.

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