quarta-feira, 6 de abril de 2011

A fotografia e o meio que nos cerca


Foto de Sebastião Salgado

Por Alberto Kirilauskas

                A fotografia, essa escrita com luz, nos permite expressar através de um recorte da paisagem no tempo aquilo que para nós representa um todo. O tempo é pausado num trecho maior ou menor. O espaço é recortado. Aparecerá a rua de dia; o sorriso sob a luz de vela; o prédio iluminado pelas luzes da cidade; o movimento do tráfego; os caixões cobertos com a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra iluminados pela luz quente do poste com um ciclista não identificado segurando no caminhão parecendo seguir de perto o caminhão que no dia carregara corpos. Corpos estes que no ponto anterior da linha do tempo expressara alguns de seus sentimentos.
                A foto do Sebastião Salgado traz diversos elementos que ele desejou inserir, ou apareceram sem terem sido pensados, na imagem para que ela passasse, ao menos em parte, aquele sentimento e idéias que ele estava sentindo e/ou pensando no momento. É esse emaranhado de sentimentos e pensamentos que toca tantas outras pessoas que faz da fotografia uma arte que encanta muitos.
                Uma vez que a fotografia tem essa capacidade de sensibilização, ela pode ser um dos instrumentos da educação. E assim como as atividades educacionais, a fotografia é um ato político. Assim, fotografar não é apenas registrar um momento, demonstrando a beleza ou o horror da situação, mas sim é inserir num registro fotográfico sua posição política. E para posicionarmos é necessário entendermos, estarmos próximos, vivenciarmos o que estamos registrando. É isso que faz fotógrafos como Sebastião Salgado, João Ripper, João Zinclar entre outros, eles se posicionam politicamente através da arte. Demonstram nos seus relatos o que acreditam, fazem da arte fotográfica um instrumento de expressão e buscam através dele transformações sociais.
                Então utilizemos, se assim desejarmos, essa arte para difundir nossas utopias, demonstrando o mundo como ele é e como ele poderá ser.

O pássaro é livre na prisão do ar.
O espírito é livre na prisão do corpo.
Carlos Drummond de Andrade

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