quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Comprovado: Dinheiro não traz Felicidade.

Por Rachel Trovarelli

Após o desenvolvimento do conceito de ciência da felicidade, diversos países entre eles Brasil, França e Canadá têm considerado esse fator no cálculo das estatísticas sobre a sociedade. Agora é a vez do Reino Unido.

Essa mudança de padrão, foi impulsionada pelo Butão, um pequeno país budista nos Himalaias. Aos poucos, foram ganhando destaque internacional quando os outros países do mundo perceberam o quão feliz é a população deste reino.

Assim, percebeu-se que ter o PIB (Produto Interno Bruto) como carro chefe norteador das políticas públicas da nação é um erro. Deve-se também considerar o bem-estar, a felicidade da população.

Essa mundança de valores é essencial para alcançarmos o que chamamos de desenvolvimento sustentável. Entede-se desenvolvimento - neste caso - como uma mudança de valores, em que as pessoas despertem o respeito, amor e a solidariedade e deixem de lado a ganancia e o egoísmo.

Segue artigo publicado em 15 de novembro de 2010 na Associated Press.
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FIQUE FELIZ! O GOVERNO DO REINO UNIDO QUER MEDIR BEM-ESTAR


Por GREGORY KATZ, da Associated Press

LONDRES – Sentindo-se bem? Frustrado? Fantástico? O governo britânico realmente quer saber.

Autoridades britânicas disseram na 2a feira que começarão a medir a felicidade nacional além de avaliar mais informações tradicionais como níveis de renda e o medo de crime violento.

O novo plano está alinhado com a proposta de campanha do Primeiro Ministro David Cameron, que prometeu, durante a eleição geral no início deste ano, medir os níveis subjetivos de bem-estar enquanto o governo estiver colhendo dados sobre os seus cidadãos.

Planos detalhados ainda não foram divulgados, mas se espera que novas perguntas sejam formuladas pela responsável pela estatística nacional Jil Matheson no final deste mês, para que sejam incluídas num levantamento a ser feito durante a próxima primavera. Ela disse na 2a feira que essa mudança de política é bem-vinda.


“Existe um crescente reconhecimento internacional de que para se medir o bem-estar e o progresso há a necessidade de se desenvolver uma visão mais compreensiva, em vez de ficar se concentrando somente no Produto Interno Bruto” disse ela.


A decisão de se olhar para além de simples medidas monetárias é parte de um movimento da “ciência da felicidade”, que se enraizou em diversos outros países, incluindo França e Canadá, na medida em que autoridades e acadêmicos estudam o fracasso da elevação dos padrões de vida nas recentes décadas quanto a gerar uma elevação similar no contentamento pessoal.


O presidente da França Nicolas Sarkozy chegou a uma conclusão semelhante, há dois anos atrás, quando pediu que dois economistas ganhadores de prêmios Nobel elaborassem meios para medir fatores de qualidade de vida, além dos meros fatores econômicos, quando a França estivesse estudando suas opções de políticas públicas.

O Canadá também desenvolveu um índice nacional de bem-estar, um conceito que teve como pioneiro um reinado no Himalaia, o Butão.


O levantamento faz aos cidadãos canadenses perguntas subjetivas tais como “O quanto você desfruta da sua vida”? e “Você se sente confortável com o seu nível atual de dívidas”?

Mas além disso o levantamento também pergunta sobre os valores mais fundamentais, padrões de vida e identificação com minorias ou outros grupos étnicos. Provavelmente o levantamento britânico deverá utilizar uma abordagem similar.

Richard Layard, um professor emérito da Escola de Economia de Londres, que tem contribuído para os estudos governamentais britânicos no tocante a qual seria a melhor maneira e se medir a felicidade, elogia essa tendência.

“Eu acho que é maravilhoso”, disse ele. “É algo que eu e outros temos advogado por algum tempo. Baseia-se na idéia de que a menos que você meça as coisas certas, você não fará as coisas certas”.

Ele também disse que o foco dos atuais levantamentos governamentais apenas no avanço econômico levaram as pessoas a ficarem obcecadas com as suas rendas em detrimento de outros fatores que podem levar a vidas felizes e produtivas.

Os dados no Reino Unido, EUA e outros países mostram que os níveis de felicidade têm permanecido mais ou menos estáticos mesmo quando a renda disponível e a segurança econômica aumentaram substancialmente em termos reais durante a grande expansão do pós guerra nas economias ocidentais.


Esse fenômeno, freqüentemente chamado de “Paradoxo de Easterlin”, em homenagem ao economista americano Richard Easterlin, é citado no relatório para o mês de setembro do Escritório Britânico para Estatística Nacional, declarando que “os níveis de satisfação com a vida e felicidade na Inglaterra não têm subido desde os anos 1950, a despeito do crescimento econômico sem precedentes”.


Isso sugere que mais do que uma expansão econômica, tradicionalmente medida por níveis de renda e produções internas brutas, seja necessária para que as pessoas sintam contentamento em suas vidas.

O professor da Universidade de Londres Richard Schoch, autor do livro The Secrets of Happiness (“Os Segredos da Felicidade” numa tradução livre) disse que o governo britânico se entrosa bem com o slogan “Grande Sociedade” utilizado pelo Primeiro Ministro Cameron.

“Isso se encaixa perfeitamente com a agenda da Grande Sociedade porque a maioria das organizações cívicas foca em temas ligados à qualidade de vida” disse ele. “Esse levantamento então se torna a ferramenta para coletar dados relevantes para as iniciativas da Grande Sociedade”, disse ele. The Associated Press


Próxima postagem, domingo, 13 de fevereiro.

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