sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O caminhar ambiental: quando o ar fica denso.

Por Alberto Kirilauskas

O sol mais uma vez se fez presente. É dia. Depois de uma noite bem dormida levanto para um dia único como todos os outros. Saio de minha casa para desenvolver atividades de temática ambiental. O caminho me permitiu ir caminhando, e foi assim que passei setenta e dois minutos e oito segundos caminhando.

Os primeiros passos com o ar fresco entrando em meus pulmões me enchem de leveza, tenho a estranha sensação de que o dia amanheceu mais leve, os passos, as vozes, os aromas estão harmoniosos, e assim sigo por não mais de dez minutos, foi quando o primeiro caminhão cuspiu toda essa fumaça em meu rosto, meus pulmões inflam com esse peso, os olhos se desagradam, mas continuo o meu caminho. Depois de mais cinco minutos de caminhada eu vejo uma sacola voando pelas ruas. Repudiei a ação de ter lançado o plástico nas ruas, não vi quem foi, mesmo assim não aprovei tão situação. Porém, toda a leveza que ganhei no início do dia me fez ver a vida que levava aquela sacola, já não era mais um pedaço de plástico lançado no meio, mas sim energia levando o plástico para voar. A abstração me permitiu flertar o dia com mais encanto. E lá se foram mais algumas dezenas de passos, até eu chegar em frente aos pássaros que cantavam pelo desejo de cantar. Eles estavam felizes mesmo com a injusta disputa com os ruídos dos automóveis. Um sorriso expandiu dentro do meu peito alcançando a minha face e eu o soltei para o mundo. Mais leve caminhei, mesmo sentindo a fumaça preta ainda dentro de mim. Segui o meu trajeto por mais dez metros, quando vi uma briga entre pessoas, eles se agrediram verbalmente de tal forma que o canto dos pássaros que ecoavam em mim se esconderam em meio a intensa fúria das palavras. Cabes baixo segui por mais vinte minutos, lembrei dos erros que cometi, das alterações de tons desnecessárias, foi quando um raio luminoso solar invadiu através da minha retina o meu coração, me senti iluminado e fazendo parte desse universo que é muito maior que as mesquinhezas humanas. Novamente meus pulmões me deixaram respirar, eu os inflei intensamente, com a vontade de viver e ver os outros vivos. É nessa toada que seguem meus passos...

Algumas vezes eu sei quanto tempo passei com o amargo dos desenganos ou quanto durou os raios luminosos de meus olhos, outras vezes não.

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