terça-feira, 13 de julho de 2010

Consumindo o ambiente, jogando fora o excedente

Por Rachel Trovarelli

"A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." Mahatma Gandhi

Assim dizia Gandhi. E ele acertou.

Um estudo divulgado pela ONG WWF mostra que "o consumo de recursos naturais já supera em 20% ao ano a capacidade do planeta de regenerá-los". Para o relatório Estado do Mundo 2004, do Worldwatch Institute, os "altos níveis de obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida de muitas pessoas".

Tudo se iniciou na Revolução Industrial, com a mentalidade de excessiva produção, gerando necessidades estrondosas de matéria prima e consequentemente causando a exploração de povos e culturas. O avanço tecnológico e a expansão da mídia em prol a globalização está custando caro para o planeta e para as pessoas menos favorecidas financeiramente.

O aumento do consumismo desde esse período é fato. Mas o que leva as pessoas a comprarem coisas que não são necessárias para sua vida?

Seria uma máscara para uma identidade pessoal não aceita? Talvez. Roupas mais luxuosas e estravagantes, com muita variedade de cores, formas, estampas... Tecnologias que demonstram um alto poder,seja este aquisitivo ou social. A cada mês surge um novo mega ultra celular ou um blaster master MP9, uma nova TV, novos computadores cada vez mais rápidos e potentes... Novos modelos de tênis, novos perfumes, bolsas, sapatos, eletrodomésticos.. Enfim, tudo está em contante renovação. É tanta novidade que muitas vezes... nem precisamos delas.

E aí então, as pessoas se mascaram com roupas e acessórios e se esquecem da sua verdadeira identidade. Afinal como pode o povo brasileiro, por exemplo, ser tão parecidos "materialmente" com os americanos? Roupas, tênis, computadores, músicas, alimentação.. sendo que estamos geograficamente tão longe e temos - teoricamente - uma rica herança cultural brasileira?

E assim temos diversos exemplos pelo mundo a fora. Ter um Nike ou o último celular, muitas vezes é sinônimo de status e poder. Trata-se, geralmente, de uma auto afirmação pessoal.

Há ainda, quem encare o consumismo como um problema de solidariedade, principalmente dentro de um círculo familiar. A começar por irmãos que - em diversos casos - têm enorme dificuldade em emprestar suas roupas, brinquedos, equipamentos...

Porém, esse consumismo exacerbado é para poucos. Vivemos na oligarquia do mundo financeiro. Um sistema inadequado que gera pessoas infelizes, sejam ricas ou pobres. Mas essa é outra longa discussão.

Além de doenças físicas e psicológicas, o consumismo gera muito resíduo mal aproveitado pelos governos e pela população brasileira. Como diria Cazuza: "Raspas e restos me interessam." O lixo pode ser a solução para milhares de famílias desfavorecidas, gerando emprego e renda. Quem tem a obrigação de cuidar dos resíduos é o prefeito de cada cidade. E basta usar a criatividade e a boa vontade.

Em Nova Friburgo, por exemplo, em ocasiões especiais e festividades, a prefeitura promove a decoração das ruas com material reciclado, gerando renda, emprego e embelezando a cidade. Pode-se ainda fomentar essa cultura através de benefícios fiscais para a reciclagem e gerar energia através do lixo (gás metano).

Há diversas iniciativas nacionais e internacionais que poderiam ser aqui listadas, como o "Buy Nothing Day" ( Campanha para um dia sem compras nos EUA ) e o trabalho do Instituto Akatu (www.akatu.org.br). Consumo consciente e destinação adequada de resíduos devem ser estimulados a todo momento, mesmo que seja uma pequena iniciativa. São assuntos que merecem destaques na mídia contemporânea.

Consumismo e resíduos correspodem por uma significativa parcela dos problemas sociais e ambientais do Brasil e do mundo. Cada um precisa fazer sua parte. Preste atenção no que e quanto compra. Recicle. Separe o seu próprio lixo. Conteste e se informe sobre a destinação deste em sua cidade. E por que também não cobrar os políticos da sua região? É o mínimo que cada um deve estar atento. Deixe preguiça política de lado. Eleve o grau de respeito e auto estima. E seja feliz, com um ambiente saudável.

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