Por Rachel Trovarelli
A bacia do Rio Corumbataí abastece aproximadamente 502.000 pessoas, divididas nos municípios de Analândia, Charqueada, Cordeirópolis, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. ¹
A ocupação inicial da região se deu através do cultivo do café e se acelerou com os avanços na tecnologia ferroviária. A partir da década de
A partir da implantação da cafeicultura e instalação da estrada de ferro, a vegetação natural da Bacia do Rio Corumbataí foi restringida a pequenos fragmentos de mata em propriedades rurais particulares e à mata de galeria. Os principais fatores que levaram ao esgotamento da vegetação foram a implantação da cana de açúcar e a instalação de olarias e cerâmicas.
A mata ciliar ao longo do rio apresenta diversas características. No alto curso, há ainda, uma mata primitiva com a preservação de árvores de grande porte. Na nascente e no médio curso do rio, é predominantemente encontrada árvores de grande porte, mas acompanhada de uma vegetação arbustiva, ou seja, de médio porte e em trechos descontínuos. Porém, ao longo de toda a bacia, é vista uma mata ciliar degradada pela ação humana, predominantemente de arbustos e gramíneas. Essa vegetação é encontrada onde hoje se instalam olarias e áreas agrícolas¹.
Na bacia do Corumbataí, ainda são encontrados, diversos fragmentos de Cerrado. No entanto, a paisagem tem se tornado cada vez mais homogeneizada com as monoculturas de eucalipto e canaviais¹.
A água superficial do Rio Corumbataí é, em seu maior volume, adequada para o abastecimento doméstico após o tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas, à recreação de contato primário e a irrigação. A maior preocupação em relação aos poluentes, é a descarga de esgoto doméstico liberado no rio na altura do município de Rio Claro. O uso da água é destinado ao consumo urbano, 54%, uso agrícola, 26% e uso industrial, 20% ¹.
Segundo um estudo realizado no Laboratório de Métodos Quantitativos da ESALQ/USP² em Piracicaba, existe na bacia do Rio Corumbataí 147 espécies de aves, 23 espécies de mamíferos de médio e grande porte e 45 espécies de peixes ². As espécies encontradas na região apresentam grande ocorrência pelo Brasil, ou seja, são espécies facilmente encontradas, sem especificidade.
Entre as aves, as espécies mais ocorrentes são o pombão, o tico-tico, o gavião-carijó e o bem-te-vi. Entre as espécies mais especialistas foram encontradas o bico-de-pimenta e o soldadinho.
Em relação aos mamíferos, o cachorro do mato foi o mais encontrado. Trata-se de uma espécie onívora, generalista e oportunista. O lobo-guará também foi visto, assim como o mão-pelada. Ambas espécies generalistas também. Encontraram vestígios de onça parda e jaguatirica, mas com baixas ocorrências. O baixo número de mamíferos pode ser explicado pelo método utilizado na pesquisa, através de visualizações, já que são raros os encontros com mamíferos a olho nu em campo.
As espécies de peixes encontradas seguem a mesma característica: trata-se de animais bastante comuns na Cabeceira da Bacia do Alto Paraná, onde está inserido o Rio Corumbataí. Essas espécies apresentam uma alta taxa de resiliência, ou seja, grande capacidade de se recuperar em ambientes perturbados.
Willy Werner Grassmann Bóbbo é gestor ambiental e especialista
A biodiversidade no Rio Corumbataí, no ecossistema como um todo, é muito importante para preservar o equilíbrio ecológico local. As relações entre os organismos vivos são essenciais para esse equilíbrio, resultando na boa qualidade da água. A partir do momento em que há fatores influenciando o sistema natural, há todo um desequilíbrio ecológico.
O Rio Corumbataí abastece grandes cidades que o cercam, como Piracicaba. Quando o ecossistema não está em equilíbrio a qualidade da água é afetada. Assim, a preservação ambiental da área da bacia influi diretamente na qualidade de vida das pessoas ao redor.
O grande desafio é conciliar aspectos ambientais, sociais e econômicos e aparentemente a única saída é fazer o uso sustentado dessa grande riqueza: a biodiversidade.
Referências Bibliográficas
¹ Atlas Ambiental da Bacia do Corumbataí –UNESP http://ceapla.rc.unesp.br/atlas/
²ALEXANDRINO E. R., MARTIN P. S., BREJÃO G., FERRAZ K. M. P. M. B., COUTO H. T. Z. Aves, Mamíferos e peixes da bacia do Rio Corumbataí, Estado de São Paulo: Um diagnóstico em ambiente fragmentado. Laboratório de Métodos Quantitativos LCF/ESALQ/USP, Piracicaba - SP. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil,
³NASSIF, Arlet Maria Almeida. Recuperação da Cobertura Florestal na bacia do rio Corumbataí. Série Técnica IPEF. V.12, Nº 32, p. 121-126, dez. 1.998.
4Bacia do Rio Corumbataí: aspectos socioeconômicos e ambientais / Sãmia Maria Tauk-Tornisielo. José Carlos Esquiero (organizadores). Consórcio PCJ, 178 p. 2008. Capítulo 9 - A Influência das Barreiras Ecológicas sobre a Ictiofauna. NEVES, Luis Gustavo Neto / BÓBBO, Willy Werner Grassmann, p. 101.
Nenhum comentário:
Postar um comentário